Testemunhar e anunciar a mensagem cristã, conformando-se com Jesus Cristo. Proclamar a misericórdia de Deus e suas maravilhas a todos os homens.

Páginas

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Entrevista do Papa Francisco a alguns jovens belgas


  Foi transmitida na quinta-feira passada pela televisão pública flamenga da Bélgica VRT, a entrevista que o Papa Francisco concedeu a alguns jovens belgas, em 31 de março passado, no estúdio do palácio apostólico, no Vaticano. A iniciativa nasceu de um projeto de comunicação da Pastoral da Juventude das Flandres: os jovens, acompanhados pelo bispo de Gent, Dom Lucas Van Looy, fizeram-lhe as perguntas em inglês e o Papa as respondeu em italiano. Foi um encontro alegre e familiar, num clima de grande simplicidade: entre os jovens encontrava-se também uma jovem agnóstica que diz sentir-se inspirada pelas palavras do Papa Francisco.

Jovens: Qual foi o motivo para o senhor aceitar a entrevista?

Papa: É um serviço precioso falar à inquietude dos jovens.

Jovens: O senhor é feliz? E por que é feliz?

Papa: Absolutamente! Absolutamente sou feliz (disse sorrindo)!... E é também uma felicidade tranquila, porque a esta idade não é a mesma felicidade de um jovem, há uma diferença. Mas uma certa paz interior, uma paz grande, felicidade, que chega com a idade, também. E inclusive com um caminho que sempre teve problemas. Também agora existem problemas, mas essa felicidade não vai embora com os problemas, não: enxerga os problemas, sofre por causa deles e segue adiante, faz algo para resolvê-los e segue adiante. Mas no fundo do coração há esta paz e esta felicidade. Para mim, verdadeiramente, é uma graça de Deus. É uma graça! Não é mérito próprio.

Jovens: Qual é o motivo de seu grande amor pelos pobres?

Papa: Para mim, o coração do Evangelho é dos pobres. Dois meses atrás ouvi que uma pessoa disse, por isto, por falar sobre os pobres, por ter essa preferência: "Esse Papa é comunista!" Não. Essa é uma bandeira do Evangelho, não do comunismo: do Evangelho! Mas a pobreza sem ideologia, a pobreza... E por isso creio que os pobres estão no centro do anúncio de Jesus. Basta ler o Evangelho. O problema é que depois, algumas vezes, na história, essa postura em relação aos pobres foi ideologizada.


Jovens: Qual é a mensagem que o senhor tem para todos os jovens:

Papa: Todos somos irmãos, crentes, não crentes, desta ou de outra confissão religiosa, judeus, muçulmanos... todos somos irmãos! O homem está no centro da história, e isso para mim é muito importante: o homem é o centro. Neste momento da história o homem foi tirado do centro, foi jogado na periferia, e no centro – ao menos neste momento – está o poder, o dinheiro, e nós devemos trabalhar em prol das pessoas, do homem e da mulher, que são a imagem de Deus. Hoje entramos numa “cultura do descarte”. As crianças são excluídas – não se quer crianças, queremos menos crianças, famílias pequenas: não se quer crianças. Os anciãos são excluídos: muitos deles morrem em decorrência de uma eutanásia escondida, porque não se cuida deles e acabam morrendo. E agora os jovens são excluídos. Na Itália o desemprego juvenil dos 25 anos abaixo é de quase 50%. E fico contente porque eles, quer de esquerda, quer de direita, falam uma nova música, com uma nova música, um novo estilo de política. E isso me dá esperança. E creio que a juventude, neste momento, deve assumir a luz e seguir adiante. Que sejam corajosos! Isso me dá esperança.

Jovens: E sobre a busca que o homem faz de Deus?

Papa: Quando o homem encontra a si mesmo, busca Deus. Talvez não consiga encontrá-lo, mas segue num caminho de honestidade, buscando a verdade, por um caminho de bondade e um caminho de beleza... está num bom caminho e seguramente encontrará Deus! Mais cedo ou mais tarde o encontrará. Mas o caminho é longo e algumas pessoas não o encontram, na vida. Não o encontram conscientemente. Mas são muito verdadeiras e honestas consigo mesmas, muito boas e muito amantes da beleza, que acabam tendo uma personalidade muito madura, capaz de um encontro com Deus, que é sempre uma graça. Porque o encontro com Deus é uma graça.

Jovens: O que os seus erros lhe ensinaram?

Papa: Grandes mestres: os erros nos ensinam muito. Também nos humilham, porque alguém pode sentir-se um super-homem, uma super-mulher... e a pessoa erra e isso a humilha e a coloca em seu lugar. Não diria que aprendi com todos os erros que cometi: não, creio que não aprendi com alguns deles, porque sou cabeça-dura (disse sorrindo) e não é fácil aprender. Mas dos muitos erros aprendi e isso me fez bem, me fez bem. E também reconhecer os erros. Errei aqui, errei ali, errei acolá... E também o estar atento para não voltar ao mesmo erro.

Jovens: Teria um exemplo concreto de como aprendeu a partir de um erro?
Papa: Por exemplo, na condução da vida da Igreja: fui nomeado superior muito jovem e cometi muitos erros com o autoritarismo, por exemplo. Eu era muito autoritário: tinha 36 anos... Depois, aprendi que se deve dialogar, que se deve ouvir o que os outros pensam... Mas não foi aprendido uma vez por todas! É um caminho longo.

Jovens: O senhor teria uma pergunta para nós?

Papa: A pergunta que gostaria de fazer-lhes não é original. Tomo-a do Evangelho. Onde está o seu tesouro? Essa é a pergunta. Onde repousa o seu coração? Em que tesouro repousa o seu coração? Porque onde estiver o seu tesouro será a sua vida... Essa é a pergunta (disse sorrindo), mas devem respondê-la a vocês mesmos, sozinhos, em casa...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você pode deixar seu comentário ou sua pergunta. O respeito e a reverência serão sempre bem vindas.