Com esta celebração,
iniciamos com toda a Igreja, a Semana Santa, tempo de reflexão e oração bem
perto do Coração de Jesus. Semana de entrega particular a Deus e à sua obra.
Nesta semana recordarmos os últimos Passos de Jesus, seu amor extremo, sua
morte cruel, mas também sua ressurreição gloriosa; também lembramos do modo como
devemos viver: pois a Semana Santa não é feita apenas de ritos e símbolos, mas
de verdadeiros exemplos a serem seguidos.
Esta Liturgia do Domingo de Ramos e da Paixão
exprime em duas cerimônias o mistério da Cruz de Cristo e sua entrega, por
amor, a nós. A primeira, impregnada de alegria, de exultação e a outra, cheia de
dor e de pesar; se por um lado pelo Cristo Senhor fomos resgatados e salvos,
por outro, nosso Deus amado, para nos redimir, foi cruelmente abandonado e
ferido no lenho da Cruz.
Essa primeira parte, da bênção e da procissão
de Ramos, evoca a alegria do cristão em ter a Jesus por seu Senhor e guia; a segunda
parte, da missa com o Relato da Paixão, nos indica de que modo nosso Salvador
demonstrou de maneira máxima seu amor pelos homens e os reuniu em sua graça.
O evangelho de Mateus que acabamos de escutar
nos apresenta Jesus em sua subida para Jerusalém - uma verdadeira peregrinação
de fé. Ele sobe à Jerusalém para fazer a grande oferta da sua vida: Ele mesmo.
O sacrifício da cruz é o modelo de toda a oferta humana: dar tudo, sem guardar
nada. Subir é próprio de quem deseja ver melhor, superar obstáculos, aumentar
sua compreensão. De fato, nós que seguimos o Cristo devemos: ver melhor todas
as coisas, iluminadas pela fé; devemos superar os obstáculos e isso significa
carregar a cruz até o fim e devemos, por último, aumentar nossa compreensão
sobre nossa vida, o que fazemos, o que escolhemos... Quem quer ser cristão
segue a Cristo, não a ideologias, pessoas. Até mesmo nossas espiritualidades e
movimentos, nunca poderão estar sobre Jesus Cristo. Há ainda pessoas que dão
mais valor ao que fazem na Igreja ou ao que participam na Igreja do que à
própria identificação com Jesus. Isso é o mais importante! Se eu não parecer
com Jesus, não serve!
Mateus nos diz que Jesus parou no Monte das
Oliveiras e de lá enviou dois discípulos para buscarem o animal em que montaria.
Interessante este nexo, pois este mesmo Monte será aquele em que Jesus sofrerá
uma agonia extrema a ponto de suar sangue. Neste lugar também vai receber o
beijo traidor de Judas. O que significa? Este monte é lugar da provação, do
abandono, mas é daí que Nosso Senhor prepara sua entrada triunfal em Jerusalém.
Ele sabe que seu Reino não é humano, não é exibicionismo, não é feito de
vaidade e orgulho. Por isso, atrás do seu triunfo, está a sombra da realidade,
dura realidade. Nós também, só iremos à frente em nossos projetos, só
caminharemos se estivermos fincados na realidade, não em sonhos, mas em Deus
mesmo. Essa realidade pode ser dura, mas teremos sempre a Cristo como nosso
Advogado.
Outra expressão interessante é a pergunta que
fazem: “Quem é esse homem?” E as próprias multidões respondem: “Este é o
profeta Jesus, de Nazaré da Galileia”. A
pergunta sobre quem é Jesus é muito importante para cada cristão; dependendo da
resposta que damos sobre quem é Deus para nós, viveremos um cristianismo mais ou
menos forte, próximo ou distante daquilo que a Sagrada Tradição e a Igreja nos
ensinam.
Para alguns, Deus é apenas um médico e se Ele
não cura, a fé dessas pessoas entra em choque; para outros Deus é um ajudante,
um facilitador e, para esses que assim creem, se Deus não ajuda, então Ele os
abandonou... E para nós, quem é esse Homem? Quem é esse Deus? Hoje, ao entrar
na Jerusalém histórica, simbolicamente o Senhor também deseja entrar no coração
de cada um de nós. Que abramos as “portas para o Rei entrar!” (Sl 23), que esta
Semana Maior seja para nós fonte de bênção e graça. Que gritemos “hosanas” ao
Rei e Senhor, ao amado Jesus que passa na nossa vida. E que, em cada momento,
possamos demonstrar quem é Deus para nós. Amém!
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