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segunda-feira, 7 de abril de 2014

O Uso do Véu, pelas mulheres, na Igreja Católica


  Na Igreja Católica o saber, o conhecimento, a doutrina não se dá por “substituição”, mas por “aglutinação”; vamos unindo um saber ao outro e nenhum elimina o anterior. Pelo contrário, se vai pouco a pouco aumentando sua compreensão a partir de verdades eternas. Algumas tradições da Igreja, porém, acabam caindo-se no esquecimento ou na falta de uso sem, contudo, perder seu significado e importância. O piedoso uso do véu, pelas mulheres, é um exemplo disso. Seria este um mero capricho, ou um excessivo apego a um formalismo ritual? Um retorno à uma Igreja tridentina? Temos aqui exatamente duas posturas, duas visões diferentes do mundo e da própria Igreja e, portanto, do seu ritual. São praticamente duas atitudes básicas diante do Sagrado: ou conservamos aquilo que é simbólico ou abolimos o simbólico e o substituímos. Na atualidade, o véu foi esquecido e abandonado e não substituído por nenhum outro símbolo de modéstia e reverência. Pior: perdeu-se até a modéstia, o pudor, o recato em certos ambientes. Roupas constrangedoras passeiam pelas nossas Igrejas sem nenhum problema...

  Neste sentido, podemos afirmar que o véu tem necessariamente um sentido e dimensão que ultrapassam o uso cultural ou qualquer distinção discriminatória para com o sexo feminino. Ele apenas protegerá a mulher, lhe dará um sinal de dignidade, de beleza velada, de modéstia, de humildade e reverência. Por que reduzir o mistério a simples categoria sociológica, histórica, sexual ou cultural? Por que se adotam interpretações racionalistas e materialistas a uma dimensão que ultrapassa o tempo e o espaço? Ou o Sagrado está para além do concreto ou não existe! O Sagrado evidentemente se expressa e se manifesta no mundo, mas está além dele! O véu seria então um símbolo, um sinal através do qual somos remetidos para um outro significado além dele; é um meio para ir a outra dimensão; chamemo-lo então: o sagrado. Por outro lado, o véu como elemento isolado não tem nenhum atributo especial ou mágico em si mesmo. Isto seria um erro grosseiro. Ele representa muito mais, é uma atitude, uma disposição, uma escolha. Quando uma moça, uma mulher aceita o véu, escolhe o véu, escolhe, na verdade, um estilo de vida: busca de castidade, busca de santidade, busca de Deus.

  Neste ponto se abre uma porta por onde podemos contemplar outra realidade, porque sendo uma atitude, isto significa escolha. Se há escolha, há liberdade. Aqui entram em jogo dois atributos dados especialmente ao homem: liberdade (de escolher) e inteligência (para compreender). Tem importância para a mulher o uso do véu na Igreja durante a liturgia? A prática católica afirma que sim. O rito litúrgico vai depender da liberdade de ir até ele e além dele, como da participação por meio da compreensão. O primeiro ponto é que reconhecendo o véu como símbolo, não se pretende esgotar todos os seus significados, porque não tem apenas um significado, mas vários, muitos... Podemos aqui sugerir alguns:

1. A Virgem Maria
  Na saudação do anjo Gabriel a Maria, para comunicar-lhe que seria a Mãe de Deus na terra, Deus escolhe uma mulher. E aqui fica definido qual é a relação da humanidade, e especialmente da mulher, diante de Deus. O anjo lhe diz: "O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra". A mulher, portanto, diante de Deus, é receptiva e não passiva, posto que ela aceita, a vontade dela disse sim. "Faça-se em mim conforme sua palavra". O véu vai significar claramente a aceitação da Palavra de Deus. A mulher é naturalmente mais receptiva que o homem. Tem já o dom de gerar filhos; isto a torna co-partícipe na criação do mundo. Ela recebe o filho, isto não é nada passivo, muito pelo contrário. A mulher, portanto, é “coberta” por Deus, é um ser potencialmente mais "espiritual" que o homem.

2. Os Véus na Igreja
  Costuma-se cobrir o Sacrário por um véu – símbolo do Senhor que está velado sob o “véu do sacramento”; é o mesmo Cristo Senhor, mas não o Cristo histórico, mas sim o sacramental, que está presente em Corpo e Sangue, Alma e Divindade na Eucaristia.

  O véu está também nas âmbulas, representando a sacralidade que ali está. Não é apenas um recipiente, mas um lugar para guardar o Senhor Sacramentado. Sem o véu, a âmbula demonstra que é um recipiente sacro, porém não com glória. Coberta pelo véu, a âmbula demonstra que Cristo lá está e sua glória também.

  Nas bênçãos do Santíssimo, lá está novamente o véu nos ombros do sacerdote ou diácono. Símbolo de que o que eles vão tocar é sagrado, é santo e que com mãos puramente humanas, não se deve tocar.
Portanto, o véu não é impedimento algum para a visão ou o toque, mas respeito, reverência, fé e esperança de ir além dele para encontrar o Cristo. A mulher com véu vai representar a fé em algo que não vemos, que está simplesmente encoberto!

3. Maria, a própria Igreja
  Deus escolhendo Maria para Mãe de Cristo e Maria aceitando, se torna ela mesma o modelo de todos os cristãos, homens e mulheres. A Igreja é uma mulher, é o Corpo que recebe o Cristo. Encarnando aqui na terra Cristo se faz [carne]. Ele é concreto. Em Maria, a Mãe-Igreja, é que recebemos o Cristo, gerado pelo Espírito Santo. A Igreja santificada e pura vai conhecer o Cristo intimamente, de dentro. Isto só é possível pelo mistério, não pode ser explicado, analisado, apenas vivido de dentro, como uma Mulher-Mãe-Maria o vive.

  Se Maria é a Igreja onde Cristo nasce, o Cristo é a cabeça da Igreja, dirigida espiritualmente por ele; é a mulher com a cabeça coberta, porque coberta por Cristo, vai nos ensinar a fazer todos a sua santa vontade. O véu será submissão a Cristo, e não aos homens [...] Então a mulher aceita amorosamente se entregar a Cristo, aceitando que ele a cubra.


Fonte: Texto do Arcipreste Alexis, ampliado e adaptado por Pe. Helcimar Sardinha

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