Santo
Antônio nasceu em Lisboa, provavelmente a 15 de Agosto de 1195, numa casa junto
das portas da antiga cidade (Porta do Mar), que se pensa ter sido o local onde,
mais tarde, se ergueu a Igreja em sua honra. Tendo então o nome de Fernando,
fez na vizinha Sé os seus primeiros estudos, tomando mais tarde, em 1210 ou
1211, o hábito de Cônego Regrante de Santo Agostinho, em São Vicente de Fora,
pela mão do Prior Dom Estêvão. Ali permaneceu até 1213 ou 1214, data em que se
deslocou para o austero Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, onde realizou os
seus estudos superiores em Direito Canônico, Ciências, Filosofia e Teologia.
Segundo a tradição, talvez um pouco lendária,
o Santo tinha uma memória fora do comum, sabendo de cor não só as Escrituras
Sagradas, como também a vida dos Santos Padres. As relíquias dos Santos
Mártires de Marrocos que chegaram a Coimbra em 1220, fizeram-no trocar de Ordem
Religiosa, envergando o burel de Frade Franciscano e recolher-se como Eremita
nos Olivais (em Coimbra). Foi nessa altura que mudou o seu nome para António e
decidiu deslocar-se a Marrocos, onde uma grave doença o reteve todo o inverno
na cama. Decidiram os superiores repatriá-lo como medida de convalescença.
Quando de barco regressava a Portugal,
desencadeou-se uma enorme tempestade que o arrastou para as costas da Sicília,
sendo precisamente na Itália que iria revelar-se como teólogo e grande
pregador. Em 19 de Março de 1222, em Forli, falou perante religiosos
Franciscanos e Dominicanos recém ordenados sacerdotes e tão fluentemente o fez
que o Provincial pensou dedicá-lo imediatamente ao apostolado.
Fixou-se em Bolonha onde se dedicou ao ensino
de Teologia, bem como à sua leitura. Exercendo as funções de pregador,
mostrou-se contra as heresias dos Cátaros, Patarinos e Valdenses. Seguiu depois
para França com o objetivo de lutar contra os Albijenses e em 1225 prega em
Tolosa. Na mesma época, foi-lhe confiada a guarda do Convento de Puy-en-Velay e
seria custódio da Província de Limoges, um cargo para que foi eleito pelos
Frades da região. Dois anos mais tarde instalou-se em Marselha, mas brevemente
seria escolhido para Provincial da Romanha.
Assistiu à canonização de São Francisco em
1228 e deslocou-se a Ferrara, Bolonha e Florença. Durante 1229 as suas pregações
dividiram-se entre Vareza, Bréscia, Milão, Verona e Mântua. Esta atividade
absorvia-o de tal maneira que a ela passou a dedicar-se exclusivamente. Em
1231, e após contatos com Gregório IX, regressou a Pádua, sendo a Quaresma do
ano seguinte marcada por uma série de sermões da sua autoria. Instalou-se
depois em casa do Conde de Tiso, seu amigo pessoal, onde morreu em 1231 no
Oratório de Arcela.
O fato
de ter sido canonizado um ano após a sua morte, mostra-nos bem qual a
importância que teve como Homem, para lhe ter sido atribuída tal honra. Este ato
foi realizado pelo Papa Gregório IX, que lhe chamou "Arca do
Testamento". Considerado Doutor da Igreja e alvo de algumas biografias,
todos os autores destas obras são unânimes em considerá-lo como um homem
superior. Daí os diversos atributos que lhe foram conferidos: "Martelo dos
hereges, defensor da fé, arca dos dois Testamentos, oficina de milagres,
maravilha da Itália, honra das Espanhas, glória de Portugal, querubim
eminentíssimo da religião seráfica, etc.". Com a sua vida, quase mítica,
quase lendária, mas que foi passando de geração em geração, e com os milagres
que lhe foram atribuídos em bom número, transformou-se num taumaturgo de
importância especial.
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