a)
O centro da celebração deste dia é
a cruz salvadora de Jesus Cristo. Neste dia em que a Igreja não celebra os
sacramentos, reunimo-nos numa celebração, carregada de simbolismos, para
escutar o relato da Paixão do Senhor, para rezar universalmente abraçados a
esta cruz, para venerar a cruz e para participar sacramentalmente na comunhão.
O silêncio, cheio de esperança, acompanha-nos em todos os momentos. Quebraremos
o silêncio para afirmar que esta “passagem pascal” de Jesus, ou seja, a sua
morte, leva-nos para uma vida nova que queremos celebrar. A homilia deve
somente realçar a força das leituras bíblicas deste dia, deixando-as penetrar
até ao íntimo do nosso coração. “Pelas suas chagas fomos curados”, diremos como
o profeta, mas “nas vossas mãos entrego o meu espírito”, dirá Jesus com o
salmo. A Carta aos Hebreus recorda-nos que devemos “permanecer firmes na fé”,
porque Jesus, doando a sua vida por nós, torna-se a “causa de salvação eterna”.
“A quem buscais?”, pergunta Jesus no texto da Paixão segundo São João, o centro
da nossa celebração. Coloca-nos perante a nossa “busca existencial”: quem nos
poderá salvar? Apercebemo-nos que somos muito parecidos com Pedro a negar
Jesus. “Tu és o Rei dos Judeus?”, pergunta Pilatos a Jesus. É esta a pergunta
que fazemos tantas vezes: “Tu, quem és?”. Contemplamos Jesus como Aquele que
carrega a cruz, como Aquele a quem repartiram tudo, como Aquele em quem se
cumpriu tudo, como Aquele que foi colocado num sepulcro novo. Como somos tão
parecidos com Ele!
b)
A Oração Universal deste dia é o
modelo da oração da Igreja que sempre reza a partir da cruz de Jesus: uma
oração universal, sem esquecer ninguém. A Igreja reza por todos os sofrimentos
do mundo e pelos que se identificam com a cruz de Jesus. Reza por todos os que
procuram a Deus, ansiando por um rumo nas suas vidas. Rezamos pela Igreja para
que nunca perca de vista a cruz salvadora de Jesus. Por isso suplica-se para
que se torne presente o Reino de Deus, doado por tão grande preço.
c)
Hoje, adoramos a Santa Cruz: “Eis
o madeiro da Cruz…”. Que este momento seja feito com toda a dignidade e com
toda a solenidade. É a cruz que sempre preside a nossa vida, porque não
queremos viver uma fé sem cruz. A Páscoa começa pela cruz que contém realmente
todos os sofrimentos humanos. A partir da cruz, Deus dá-nos a salvação. O canto
dos Impropérios, ou outros cânticos, durante a Adoração da Cruz, devem
situar-nos no radical gesto de entrega de Jesus, assumindo em Si todo o mal do
mundo para o redimir.
d)
Antes de terminar a Celebração,
somos convidados à comunhão, reforçando o vínculo com a celebração de ontem. A
vida de Jesus na cruz é-nos dada realmente no sacramento da Eucaristia. A cruz
não é o fim. A nossa esperança está na ressurreição, fonte de vida nova. Desta
vida nova participamos já sacramentalmente. “Deus…, que nos renovastes pela
gloriosa morte e ressurreição de Jesus Cristo, confirmai em nós a obra da vossa
misericórdia, a fim de que, pela comunhão neste mistério, Vos consagremos toda
a nossa vida” (oração depois da comunhão). Também isto aconteceu na celebração
deste dia. É assim que se fará a despedida do povo (cf. oração sobre o povo).
Depois da celebração, procuremos manter o silêncio e os olhos postos na cruz de
Jesus. Hoje é dia de jejum, porque morreu o Senhor e repousa no sepulcro. Os
actos piedosos, como a via-sacra, devem alimentar o recolhimento deste dia.
Alimentar a esperança que culminará na Vigília Pascal.
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