“Feria-Quinta in Coena Domine”, isto é, Quinta-feira
da Ceia do Senhor, eis como a Liturgia designa o dia de hoje. Este nome nos
indica o grande acontecimento que a Santa Igreja comemora: a Instituição do
Mandamento do Amor, o Sacrifício santo do Sacramento da Eucaristia e o
Sacramento da Ordem.
Como no Domingo de Ramos, reunimo-nos espiritualmente em
São João de Latrão, Mãe de todas as igrejas de Roma e do Universo, a mais nobre
e mais antiga basílica, catedral do supremo Pastor da Igreja. Nela se conserva
e venera ainda hoje uma mesa em que, segundo a tradição, teria vindo da Terra
Santa, datável do tempo em que o divino Salvador celebrou a última Ceia. O
altar de nossa igreja é uma continuação daquela venerável mesa.
A Missa é festiva, com os paramentos brancos. Canta-se
o Glória, durante o qual tocam festivamente os sinos, que depois emudecem até o
Glória no Sábado Santo. Ornamenta-se o altar com flores e o tom da Missa é de
solenidade.
Poucas passagens há, no ano eclesiástico, tão
impressionantes e comovedoras para o coração do fiel, quanto esta Missa, em que
se mesclam alegria intensa e profunda tristeza.
Hoje só é celebrada uma santa Missa, durante a qual
todos os Sacerdotes (e todos os cristãos assim o deveriam fazer) recebem a sua
Comunhão Pascal da mão do Celebrante.
Este consagra duas Hóstias grandes, das quais conserva uma, que, depois
da Missa, é levada processionalmente ao altar da exposição, ornado de flores e
de luzes. Faz-se a adoração do Santíssimo Sacramento, sem interrupção, até à
Celebração do dia seguinte, em que esta hóstia é consumida pelo Celebrante e
por todos.
Depois da procissão, não há mais Santíssimo no
Tabernáculo, cuja porta fica aberta em sinal de tristeza. Apaga-se a lâmpada do
Santíssimo e faz-se a denudação dos altares, significando pesar, porque Jesus
Cristo se afastou.
Na antiguidade cristã, era feita neste dia, a
reconciliação dos pecadores que tinham recebido as cinzas no início da Quaresma
e durante este tempo haviam feito penitência. Na Missa recebiam o Sacramento da
união, a santa Comunhão pascal. Daí também chamada de “Missa das Endoenças”,
uma corruptela popular de “Indulgências”, quando os pecados dos penitentes eram
apagados.
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