Só
a partir da adoração e da glorificação de Deus é que a Igreja pode anunciar de
maneira adequada a palavra de verdade, isto é, evangelizar. Antes que o mundo
tivesse podido escutar Jesus, o Verbo eterno feito carne, pregar e anunciar o
reino, Jesus calou-se e adorou durante trinta anos. É essa para sempre a lei
para a vida e para a ação da Igreja, e é também a lei de todos os
evangelizadores. “É na maneira de tratar a liturgia que se decide a sorte da Fé
e da Igreja”, disse o Cardeal Ratzinger, nosso Santo Padre Emérito, o Papa
Bento XVI. O Concílio Vaticano II queria precisamente lembrar à Igreja qual a
realidade e o ato que devem ocupar o primeiro lugar na sua vida. É justamente
por isso que o primeiro documento conciliar foi consagrado à liturgia. Quanto a
isto o concílio dá-nos os seguintes princípios: na Igreja, e por isso mesmo, na
liturgia, o humano deve orientar-se pelo divino e estar-lhe subordinado, tal
como o visível relativamente ao invisível, a ação à contemplação, e o presente
à cidade futura a que aspiramos (cf. Sacrosanctum Concilium, 2). A nossa
liturgia terrestre participa, como o diz o ensinamento de Vaticano II, de um
pré-saborear da liturgia celeste da cidade santa de Jerusalém (cf. idem, 2).
Por isso, tudo na liturgia da Santa Missa
deverá servir para se exprimir de maneira mais clara a realidade do sacrifício
de Cristo, isto é, as orações de adoração, agradecimento, expiação e súplica,
que o Sumo Sacerdote eterno apresentou a Seu Pai.
O rito e todos os detalhes do Santo
Sacrifício da missa devem girar sobre o eixo da glorificação e da adoração de
Deus, insistindo sobre a centralidade da presença de Cristo, seja isto no sinal
e na representação do Crucificado, ou na Sua presença eucarística no sacrário,
e sobretudo no momento da consagração e da sagrada comunhão. Mais se respeita
isto e menos o homem estará no centro da celebração, menos a celebração se
assemelhará a um círculo fechado, antes se abrindo, e também de modo exterior,
a Cristo, qual procissão que se dirige a Ele com o sacerdote à frente; quanto
mais uma tal celebração litúrgica vier a refletir de maneira verdadeira o
sacrifício de adoração de Cristo na cruz, mais ricos serão os frutos que os
participantes receberão na própria alma, vindos da glorificação de Deus, e mais
Deus os honrará.
Quanto mais, durante as celebrações
eucarísticas, os fiéis procurarem em verdade a glória de Deus e não a glória
dos homens, nem procurarem receber a glória uns dos outros, mais Deus os
honrará, deixando que a sua alma participe mais intensamente da Glória e da
Honra da Sua vida divina.
Nos dias
de hoje e em vários lugares da terra, são numerosas as celebrações da Santa
Missa a propósito das quais se poderiam dizer as seguintes palavras, invertendo
as palavras do Salmo 113, versículo 9: “A nós, Senhor, e ao nosso nome a glória”.
Mais ainda: também a essas celebrações litúrgicas se poderiam aplicar estas
palavras de Jesus: “Como podeis crer, vós que recebeis a glória uns dos outros,
e não buscais a glória que é só de Deus?” (Jo 5, 44).
Athanasius Schneider
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