Queridos
irmãos,
“Brilha
hoje uma luz sobre nós, pois nasceu para nós o Senhor”!
Neste dia de Natal nossos corações
amanheceram cheios de luz e de amor, pois o Deus Menino veio para junto de nós.
Veio como criança para não nos causar medo, antes nos atrair a Si; veio
pequenino para não nos intimidar, antes nos convidar à participação na sua
vida; veio como um recém-nascido a fim de não parecer intolerante, antes nos
acolher em seu amor; veio num estábulo para dizer aos pobres que se identifica
com eles e dizer aos ricos que não tenham medo de perder seus bens, mas que
devem partilhá-los, para que a vaidade não os destrua.
O Menino de Belém não fala, mas seus gestos
falam: veio no meio de uma família, veio num lugar pobre, veio para os simples:
1.
Deus quis ter uma família e se abrigou no seio de uma. A família não é algo
dispensável nem variável. Hoje querem inventar novas famílias ou denegrir as
bem compostas, mas isto é fruto do mal, da corrupção, da inversão de valores.
Deus vem em cada Natal congregar a família, uni-la, protegê-la e abençoá-la;
deixemos as divisões de lado, as diferenças, os interesses pessoais... Família
deve sempre se unir e reunir em torno de um grande sentimento e só Deus em meio
pode fazer esta obra. José e Maria se dedicaram totalmente à causa do seu Filho
e, por ele, sofreram grandes coisas. A família cristã só poderá viver bem neste
mundo se devotar sua vida ao reino de Cristo. Famílias: não tenham medo de
abraçar a Cristo, recebê-lo em seus corações, em suas casas! Não tenham medo de
servirem a Deus e à Igreja!
Jesus veio para um casal, um homem e uma
mulher e junto deles quis viver. O Menino pôde nascer, mas quantos não
conseguem permanecer neste mundo, nesta atualidade: alguns porque são
assassinados antes de chegarem aqui; são sentenciados sem julgamento,
condenados a morrer de forma brutal num lugar que não deveria ser prisão, mas
casa acolhedora, que é o ventre sagrado de cada mãe. Santos Inocentes de hoje
que pedem apenas o dom da vida, mas são ceifados covardia de muitos Herodes.
Infelizmente a agenda abortista tem avançado no Brasil e pouco a pouco, de
forma sorrateira, o atual governo federal e sua base governista vem aprovando
documentos favoráveis ao aborto. Outra forma em que crianças não conseguem
subsistir nesta Terra, é por meio da desigualdade econômica que mata outros
tantos inocentes de desnutrição, doenças e violência social. Até quando as
crianças serão ameaçadas, mesmo sendo indefesas?
2.
O Filho de Deus não encontrou um lugar apropriado e aceitou nascer sobre
palhas, entre animais. Nada mais constrangedor para nós, anfitriões do
Salvador; o mundo não se preparou para a vinda de Cristo, o deixou de fora de
suas casas, deu-lhe um lugar sujo, apenas habitado por animais... Os homens não
estavam atentos para O encontrar, nem muito menos O acolher. E nós hoje? Já
conhecemos a história, já sabemos deste vexame, desta vergonha de deixar Deus
ao relento e o que fazemos com esta informação? Muitos ainda deixam Cristo de
fora; fora de seus corações, fora de suas vidas, fora de suas escolhas, fora de
suas decisões, fora de suas casas, fora de seus trabalhos, longe se si... Ainda
o Menino bate à porta... E quem abrirá? Ainda damos o pior para Deus! Nosso
melhor tempo não é para Ele; nossa maior oferta não é para sua obra; nossa
melhor roupa não é para a Missa; nossas melhores palavras não estão na oração;
nossos maiores sacrifícios não são por Ele; nossa maior atenção não é para suas
coisas; nosso amor ardente não é devotado ao Senhor. Até quando agiremos assim?
Até quando daremos estrebaria, curral para Deus habitar?
Para Santo Agostinho, a manjedoura é o lugar
onde os animais encontram seu alimento. Ali está Jesus, alimento dos homens;
Ele é o Pão do céu e sua manjedoura é a Mesa de Deus. Mas como não pensar
também que estes homens podem ser feras, bestas que trucidam seus semelhantes,
que ferem os que estão ao seu redor e que desprezam o sagrado, comendo do Pão
da vida e bebendo do Cálice da salvação indignamente? O Deus Menino deseja
amansar a besta que existe em cada um de nós; deseja apaziguar os sentimentos
nocivos que destroem aos outros e a nós próprios.
O Menino veio na pobreza, na simplicidade nos
ensinando que o essencial na vida não é “ter”, mas “ser”; Ele não tinha bens,
mas era o Senhor do Universo; Ele não carregava títulos, mas era o Dono de todo
o mundo; Ele não era acompanhado de servos, mas era Deus de todos. Hoje vemos a
tentação do consumismo desenfreado onde o mais importante parece ser o ter, o
possuir. Mas nada disso é real: o produto não nos transforma por dentro, nem
nos dá garantia de felicidade eterna. O que temos passa, como tudo na vida, mas
o que construímos de espiritual, isso fica para além do túmulo.
3.
Depois de termos visto que o Menino veio numa família, que veio num lugar
pobre, agora meditemos sobre os que primeiro acolheram a mensagem de Cristo.
Diz o Evangelho que escutamos a pouco que tanto os pastores como Maria tiveram
uma experiência com Jesus; apresentam-se duas formas de acolher o Natal. Os
pastores, diferente dos outros habitantes do lugar, não estavam dormindo, mas
de vigia; eles representam as pessoas que não se deixam entorpecer por esta
vida, mas que se mantém despertos para Deus, para as coisas sagradas. Muitos
ainda procuram coisas nesta vida para os entorpecer, para os sedar, coisas para
os distrair, para os anestesiar... Querem sair da realidade, querem buscar
alívio em suas próprias compensações, precisam fugir para não se encontrarem
com a verdade. Deus não quer isso; Deus quer pessoas despertas do sono,
vigilantes com Ele, atentas aos sinais, consciente de si mesmas e de sua
realidade.
Os pastores ouvem o anúncio e respondem com
decisão: “Vamos a Belém...!”; a decisão interior logo se traduz em vida, em
obras, em amor concreto. E depois de terem contemplado o mistério, se puseram a
falar dele, pois contaram tudo o que tinham visto e ouvido sobre o Menino. Isso
significa que além da obra pessoal, também tiveram a obra de evangelização:
falaram de Deus para os outros, levaram Deus ao seu próximo.
O texto também nos fala da reação de Maria:
ela acreditou desde o início, por isso vive na dimensão da fé. Ao guardar todos
aqueles fatos e meditá-los no coração, Maria entra profundamente no mistério de
Deus e demonstra que nas coisas do Senhor, é mestra de meditação. Sua
contemplação gera ação: a disponibilidade para acolher Jesus antes do parto, na
manjedoura e na vida posterior. Para algumas pessoas, Deus é muito bem acolhido
no início da conversão. Deus se sente bem perto quando todas as coisas vão bem.
Mas, passado algum tempo, depois de tribulações e dificuldades, parece que o
amor e a dedicação por Deus e pela Igreja se perdem no caminho. A oração é
quase inexistente, a contemplação difícil, a ação mínima, e a fé, sem adesão nenhuma...
Neste Natal, deixemo-nos tocar pela mensagem
do Menino de Belém: amemos nossas famílias, aprendamos da humildade de Cristo e
o acolhamos com a atenção dos pastores e a contemplação de Maria.
Ó
Senhor nascido em Belém - nasça hoje em nossos corações!
Ó
Divino Amigo, que nos trouxe esperança – renova nossa existência!
Ó
Menino das palhas – ajudai-nos em nossa pobreza!
Ó
Filho de Deus humanado – dai-nos a tua força!
Ó
Príncipe da Paz – trazei-nos a tranquilidade e livrai-nos da violência!
Ó
Deus conosco, que não se cansa em nos alcançar – enchei-nos do teu amor!
Amém!
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