João
Damasceno é considerado o último dos santos Padres orientais da Igreja, antes
que o Oriente se separasse definitivamente de Roma, no ano 1054. Uma das
grandes figuras do cristianismo, não só da época em que viveu, mas de todos os
tempos, especialmente pela obra teológica que nos legou. Seu nome de batismo
era João Mansur. Nasceu no seio de uma família árabe cristã no ano 675, em
Damasco, na Síria. Veio daí seu apelido "Damasceno" ou "de
Damasco".
Nessa época a cidade já estava dominada pelos
árabes muçulmanos, que acabavam de conquistar, também, a Palestina. No início
da ocupação, ainda se permitia alguma liberdade de culto e organização dos
cristãos, dessa forma o convívio entre as duas religiões era até possível. A
família dos Mansur ocupava altos postos no governo da cidade, sob a
administração do califa muçulmano, espécie de prefeito árabe. Dessa maneira, na
juventude, João, culto e brilhante, se tornou amigo do califa, que depois o
nomeou seu conselheiro, com o título de grão-visir de Damasco. Mas como era, ao
mesmo tempo, um cristão reto e intransigente com a verdadeira doutrina, logo
preferiu se retirar na Palestina.
Foi ordenado sacerdote e ingressou na
comunidade religiosa de São Sabas, e desde então viveu na penitência, na
solidão, no estudo das Sagradas Escrituras, dedicado à atividade literária e à
pregação. Saía do convento apenas para pregar na igreja do Santo Sepulcro, para
defender o rigor da doutrina. Suas homilias, depois, eram escritas e
distribuídas para as mais diversas dioceses, o que o fez respeitado no meio do
clero e do povo. Também a convite de João V, bispo de Jerusalém, participou, ao
seu lado, no Concílio ecumênico de Nicéia, defendendo a posição da Igreja
contra os hereges iconoclastas. O valor que passou para a Igreja foi através da
santidade de vida, da humildade e da caridade, que fazia com que o povo já o
venerasse como santo ainda em vida. Além disso, por sua obra escrita,
sintetizando os cinco primeiros séculos de tentativas e esforços de
sedimentação do cristianismo.
Suas obras mais importantes são "A
fonte da ciência", "A fé ortodoxa", "Sacra paralela" e
"Orações sobre as imagens sagradas", onde defende o culto das imagens
nas igrejas, contra o conceito dos iconoclastas. Por causa desse livro, João
Damasceno foi muito perseguido e até preso pelos hereges. Até mesmo o califa
foi induzido a acreditar que João Damasceno conspirava, junto com os cristãos,
contra ele. Mandou prendê-lo a aplicar-lhe a lei muçulmana: sua mão direita foi
decepada, para que não escrevesse mais.
Mas pela fé e devoção que dedicava à Virgem
Maria tanto rezou que a Mãe recolocou a mão no lugar e ele ficou curado. E
foram inúmeras orações, hinos, poesias e homilias que dedicou, especialmente, a
Nossa Senhora. Através de sua obra teológica foi ele quem deu início à teologia
mariana. Morreu no ano 749, segundo a tradição, no Mosteiro de São Sabas. Tão
importante foi sua contribuição para a Igreja que o papa Leão XIII o proclamou
doutor da Igreja e os críticos e teólogos o declararam "Santo Tomás do
Oriente". Sua celebração, no novo calendário litúrgico da Igreja, ocorre
no dia 4 de dezembro.
Fonte:
Portal Paulinas
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