"As mulheres na Igreja
devem ser valorizadas, não clericalizadas. Quem pensa em mulheres cardeais
sofre um pouco de clericalismo". Esta foi a resposta do papa à pergunta do
jornalista Andrea Tornielli: "Posso perguntar se vamos ter mulheres
cardeais?". A entrevista, feita em 10 dezembro na Casa Santa Marta, foi
publicada hoje pelo jornal La Stampa, de Turim.
Indagado sobre o andamento da “limpeza” no
Instituto para as Obras de Religião (IOR), popularmente chamado de “banco do
Vaticano”, o papa explicou que "as comissões estão trabalhando bem. O
[comitê regulador europeu] Moneyval nos
avaliou bem, estamos no caminho certo. Sobre o futuro do IOR, vamos ver. Por
exemplo, o "banco central" do Vaticano seria a APSA. O IOR foi criado
para ajudar as obras de religião, as missões, as igrejas pobres. Depois é que
ele se tornou o que é hoje".
Quanto ao diálogo ecumênico e à esperada
unidade dos cristãos, o bispo de Roma observou que existe hoje um “ecumenismo
do sangue”. Quando matam cristãos em alguns países, “não perguntam se eles são
anglicanos, luteranos, católicos ou ortodoxos”. Para aqueles que os matam, os
cristãos estão unidos no sangue, muito embora, entre nós próprios, "ainda
não tenhamos conseguido tomar as medidas necessárias para a unidade; talvez o
tempo ainda não tenha chegado”. O papa enfatizou que o ecumenismo é uma prioridade
e que a unidade "é uma graça que precisamos pedir".
Sobre o encontro com os ortodoxos, Francisco
destacou que “é uma dor ainda não poder celebrar juntos a Eucaristia, mas temos
uma grande amizade”. Falando das reuniões com os vários irmãos ortodoxos, Bartolomeu,
Hilarion, o teólogo Zizioulas e o copta Tawadros, o papa confessou: "Eu me
senti irmão deles. Eles têm a sucessão apostólica, eu os recebi como irmãos
bispos (...) Abençoamos um ao outro, um irmão abençoando o outro, um irmão se
chama Pedro e o outro André, Marcos, Tomé...".
Tornielli perguntou ao papa o que ele acha
das acusações feitas por alguns ultraconservadores, que consideram “marxistas”
as observações do pontífice sobre a economia. O papa respondeu que "a
ideologia marxista está errada, mas, na minha vida, conheci muitos marxistas
bons como pessoas, e, por isso, não me sinto ofendido". Francisco
acrescentou que, na exortação Evangelii Gaudium, "não há nada que já não
esteja na Doutrina Social da Igreja". O problema diz respeito às teorias da
"recaída favorável", segundo a qual cada crescimento econômico
impulsionado pelo livre mercado produz por si mesmo uma equidade maior e mais
inclusão social no mundo. Havia a promessa de que, “quando o copo ficasse
cheio, ele transbordaria e os pobres seriam beneficiados”. O problema, porém,
diz o papa, é que "quando o copo se enche, ele ‘magicamente’ cresce de
novo e nunca transborda nada para os pobres": é isso o que não está certo.
Fonte: Portal Zenit
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Você pode deixar seu comentário ou sua pergunta. O respeito e a reverência serão sempre bem vindas.