O
processo de canonização do beato José de Anchieta, que parecia parado à espera
de um milagre, está sendo acelerado, após a Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB) ter mandado uma carta a Francisco pedindo que o Apóstolo do
Brasil seja declarado santo. O papa não respondeu à carta assinada pelo
cardeal-arcebispo de Aparecida e presidente da CNBB, d. Raymundo Damasceno
Assis, mas deu sinal verde para a Companhia de Jesus apressar a documentação
necessária. O prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, cardeal Angelo
Amato, pediu que seja encaminhada, no mais breve tempo possível, a Positio,
texto com a biografia de Anchieta, uma relação de prováveis milagres e provas
de fama de santidade.
“O cardeal Amato pediu as mesmas informações
ao postulador geral, padre Anton Witwer, sobre dois missionários do Canadá, que
foram beatificados com José de Anchieta, em 1980″, disse um dos
vice-postuladores, padre Augusto César dos Santos. Jesuíta e responsável pelo
Serviço Brasileiro da Rádio Vaticano, ele trabalha na preparação da Positio em
Roma, enquanto outro vice-postulador, padre Nilson Maróstica, atua no Brasil,
recolhendo relatos sobre graças alcançadas.
“Recebemos dezenas de cartas, de todas as
regiões do País, pois a devoção ao beato José de Anchieta é muito grande”,
revela padre Nilson. Essa devoção comprova a fama de santidade, argumento que
atualmente pesa mais do que a exigência de milagre para a canonização.
Anchieta nasceu nas Canárias. Filho de
pai basco e mãe descendente de cristãos novos ou judeus convertidos, teria
deixado o arquipélago para fugir da Inquisição, porque em Portugal a
perseguição contra os judeus era menos rigorosa do que na Espanha. Entrou para
a Companhia de Jesus em 1551 e, dois anos depois, desembarcou na Bahia. Noviço,
participou, em 25 de janeiro de 1554, da fundação do Colégio de São Paulo de
Piratininga, berço da capital paulista. Morreu em 1597, no Espírito Santo, onde
está sepultado.
Logo após sua morte, a notícia de suas
virtudes heroicas chegou a Roma e, em 1624, o papa Inocêncio X autorizou a
abertura da causa de beatificação. No século seguinte, quando o Marquês de
Pombal iniciou uma perseguição aos jesuítas, todos os processos foram
suspensos. A causa de Anchieta só foi retomada em 1875. Nas décadas seguintes,
o Brasil recorreu ao papa Paulo VI para pedir a beatificação, que saiu só em
1980, com decisão de João Paulo II.
Fonte:
Jornal O Estado de São Paulo
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