“Todos” não é uma mera “força
de expressão”, nem uma hipérbole. E quando o Santo Padre, o Papa Francisco nos
fala do “sonho missionário de chegar a todos”, não está a referir-se a algo não
concretizável, de um reino da utopia. “Chegar a todos” significa que ninguém
passará por nós, cristãos, sem escutar e ser confrontado, ao menos uma vez na
vida, com a Boa Nova de que Jesus é verdadeiramente o Salvador, e que em mais
ninguém se encontra a vida em plenitude, a vida feliz. E significa, igualmente,
que se alguém corre o risco de viver sem nunca escutar o Evangelho, cada um de
nós, por si próprio, assume como seu encargo a responsabilidade de ir até ele,
na atitude de quem sai de si, de quem se esquece do seu bem-estar para se
preocupar com a necessidade de tornar os outros felizes.
Não se trata, simplesmente, dum anúncio feito
de palavras, mas de algo que consiste em “vida vivida”: porque a vida cristã,
ao mesmo tempo que se partilha em palavras, diz-se também em gestos, atitudes,
modos de ser. Diz-se em vida. E não se trata de uma utopia porque não é um
desejo que nasça do coração de cada um. É antes uma missão que recebemos do
próprio Jesus Cristo, e que não é opcional: discípulo missionário, diz o Papa
Francisco para falar do cristão, qualquer que ele seja. Conhecemos pouco de nós
mesmos e partilhamos pouco entre nós. A atitude missionária deve partir do meio
de nós para fora da Igreja; não podemos pensar “fora” quando não nos entrosamos
“dentro”.
Ao longo destes próximos anos pastorais, a
nossa Paróquia é convidada pelo seu Pároco a redescobrir caminhos, modos de
vida que a tornem mais missionária. De tal modo que fazer missão deixe de ser
algo que traga consigo um esforço, a necessidade de um querer, para passar a
constituir algo de natural e de essencial, a viver sempre, sem desfalecer. Em
Outubro, de maneira especial, vamos às ruas, vamos às casas para falar de Deus e
de seu amor. Vamos conhecer a realidade de nosso povo e nos colocar mais
próximos deles, a fim de levá-los a um encontro com Cristo. Animados e
orientados pela Encíclica do Papa, “Alegria do Evangelho” e pelo documento “Paróquia:
Comunidade de comunidades”, da CNBB, vamos dar um passo mais largo rumo a uma
Igreja de portas abertas.
Não se trata de nada de novo, já o sabemos.
Mas, convenhamos, a nossa atitude missionária tem deixado muito a desejar. Em
muitas pessoas que encontro, tantas são as ideias feitas e os preconceitos
sobre Cristo, a Igreja e os cristãos. E em tantos cristãos que encontro noto
igualmente aquela entranhada convicção de que “não vale a pena”, e que “o mundo
vai de mal a pior”. E mesmo que isso fosse verdadeiro, manda-nos o Senhor Jesus
que não escondamos o nosso talento debaixo da terra, mas antes o façamos
multiplicar! Que nossa Paróquia seja um lugar acolhedor onde Deus possa ser
ouvido, aceito e seguido.
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