O Papa voltou a denunciar a “loucura
da guerra”, alimentada pelos “planificadores do terror” e dos “organizadores do
conflito”, sedentos de dinheiro e de poder. A severa admoestação do Pontífice
ressoou na manhã de 13 de Setembro, durante a missa celebrada em Redipuglia
(Itália), na recordação do centenário da primeira guerra mundial.
No lugar símbolo do “massacre inútil” que
marcou tragicamente o início de Novecentos — o sacrário militar nos arredores
de Gorizia conserva os restos mortais de mais de cem mil soldados, e no vizinho
cemitério austro-húngaro estão sepultados quase quinze mil — o Papa quis rezar
pelas “vítimas de todas as guerras”, recordando com tons fortes que “a guerra
destrói tudo, até os vínculos entre os irmãos”, porque “o seu plano de
desenvolvimento é a destruição”.
Por detrás de cada “decisão bélica”,
insistiu, estão “a cobiça, a intolerância e a ambição do poder”, mas sobretudo
a indiferença pelo próximo, contida na resposta de Caim ao Senhor que lhe
perguntava sobre a sorte do irmão Abel: “A mim, que me importa?”. Este é —
constatou — “o lema irônico da guerra”, que “não respeita ninguém: idosos,
crianças, mães e pais”. Milhões de vidas interrompidas e sonhos desfeitos, porque
«a humanidade disse: “A mim, que me importa?”. Uma resposta que ainda hoje
continua a ressoar por detrás dos conflitos e das violências que dilaceram
numerosas regiões do mundo. A tal ponto que o Papa — como já fez no dia 18 de
Agosto, durante a viagem de regresso da Coréia — evocou de novo a imagem de “uma
terceira guerra mundial combatida ‘por etapas’, com crimes, massacres e
destruições”.
“Como é possível isto?” interrogou-se. “É
possível — explicou — porque ainda hoje nos bastidores existem interesses,
planos geopolíticos, avidez de dinheiro e de poder”. E há, sobretudo, “empresários
de armas”, que em cada foco de conflito encontram uma ocasião para aumentar os
seus lucros já excessivos. “Negociantes de guerra”, definiu-os o Pontífice,
acrescentando com amargura: “Talvez ganhem muito, mas o seu coração corrupto
perdeu a capacidade de chorar”. Por isso, lançou um apelo à “conversão do
coração”, que leva o homem da indiferença para as lágrimas porque, concluiu o
Papa, “a humanidade tem necessidade de chorar, e esta é a hora do pranto”.
Fonte: L’Osservatore Romano
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