Para a admissão à Vida
Cristã, pressupõe conhecer e aceitar os princípios cristãos, o que é a Igreja e
seu itinerário evangélico, pois ela existe para “levar a Boa Nova a todas as
criaturas e a todos os confins da terra” (cf. Mt 28, 19-20). A evangelização e
aprofundamento catequético são pré-requisitos para alguém ser inserido na vida
comunitária da Igreja.
O RICA, na sua Introdução, coloca estes
pressupostos: “Embora o Rito de iniciação comece pela admissão ao catecumenato,
o tempo anterior ou o ‘pré-catecumenato’ tem grande importância e habitualmente
não deve ser omitido. É o tempo de evangelização em que, com firmeza e
confiança, se anuncia o Deus vivo e Jesus Cristo, enviado por ele para salvação
de todos, a fim de que os não cristãos, cujo coração é aberto pelo Espírito
Santo, creiam e se convertam livremente ao Senhor, aderindo lealmente àquele
que, sendo o caminho, a verdade e a vida, satisfaz e até supera infinitamente a
todas as suas expectativas espirituais” (RICA, n.9).
E continua, apresentando, como outro lado
complementar, a necessidade do itinerário catequético: “Faça-se, pois, durante
este tempo, por meio dos catequistas, diáconos e sacerdotes, ou mesmo leigos,
uma conveniente explanação do Evangelho aos candidatos. Sejam ajudados com
solicitude, a fim de que, cooperando com a graça divina com intenção mais pura
e esclarecida, se integrem mais facilmente nas famílias e grupos cristãos”
(RICA, n. 11). Se as duas exigências mencionadas não forem aplicadas
integralmente, a partir do “tempo anterior, o pré-catecumenato,” nada de novo
surge, apenas permanece no contexto de desobriga catequética para receber os
sacramentos, e não há iniciação.
Existe diferença entre evangelização e
catequese, e no RICA essas duas ações da Igreja estão interligadas, ou seja, se
completam. O Diretório Geral da Catequese nos ajuda a discernir as finalidades
de cada uma: “O primeiro anúncio se dirige aos não crentes e àqueles
que, de fato, vivem na indiferença religiosa. Ele tem a função de anunciar o
Evangelho e de chamar à conversão. A catequese, « distinta do primeiro anúncio
do Evangelho » (CT, n. 19) promove e faz amadurecer esta conversão inicial,
educando à fé o convertido e incorporando-o na comunidade cristã. A relação
entre estas duas formas do ministério da Palavra é, portanto, uma relação de
distinção na complementariedade. O primeiro anúncio, que cada cristão é chamado
a realizar, participa do « ide » (Mc 16, 15 e Mt 28,19) que Jesus propôs a seus
discípulos: implica, portanto, o sair, o apressar-se, o propor. A catequese, ao
invés, parte da condição que o próprio Jesus indicou, « aquele que crer » (Mc
16,16), aquele que se converter, aquele que se decidir. As duas ações são
essenciais e se atraem mutuamente: ir e acolher, anunciar e educar, chamar e incorporar”
(DGC, n.61).
Na evangelização há o chamado à conversão. É
o encontro com o Cristo e sua Boa Nova, por isso, na evangelização dos
catecúmenos, prioriza-se o Novo Testamento. A Nova e Eterna Aliança que é
celebrada na Cruz do monte Calvário. Implica em sair de si mesmo, ir ao
encontro do próximo e, através dele, encontrar a pessoa de Jesus Cristo. Enquanto
que, na catequese, provoca-se o aprofundamento do Anúncio, ela tem uma
estrutura de conversão. É pela catequese que se faz a instrução, pois o “momento
da catequese é a aquele que corresponde ao período em que se estrutura a
conversão a Jesus Cristo, oferecendo as bases para aquela primeira adesão”
(DGC, n. 63).
A catequese é necessária para a ação
missionária, pois ela incita à fé e a ação pastoral. O mesmo DGC, em seu número
64, dá o enfoque preciso dessa catequese para a Iniciação Cristã: “Não
é, portanto, uma ação facultativa, mas sim uma ação basilar e fundamental para
a construção, tanto da personalidade do discípulo, quanto da comunidade. Sem ela,
a ação missionária não teria continuidade e seria estéril. Sem ela, a ação
pastoral não teria raízes e seria superficial e confusa: qualquer tempestade
faria desmoronar todo o edifício (cf. Mt 7,24-27)”. A catequese aproveita o
anúncio pela evangelização, seu alicerce, e constrói a casa cristã, onde a
Igreja se manifesta e proclama o Reino de Deus que já está no meio de nós pela
encarnação do Verbo (Jo 1,14).
Como o número 67 do DGC deixa bem claro, é
uma catequese orgânica e sistemática, é um aprendizado por toda a vida cristã,
uma iniciação integral e permanente. Trata-se de educar para conhecer a vida em
Cristo, transformando o homem velho para assumir sua vocação batismal. A
catequese lança o alicerce da fé para receber o novo “templo do Espírito Santo
(1Cor 3, 16).
José Barbosa de Miranda
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