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sábado, 27 de setembro de 2014

Jesuítas celebram com o Papa o bicentenário da restauração da Companhia de Jesus


  O Papa Francisco presidiu às 17h locais deste sábado, na "Chiesa del Gesù" (Igreja de Jesus) – igreja-mãe dos Jesuítas – situada no centro de Roma –, as Vésperas e Ação de Graças, por ocasião do bicentenário da restauração da Companhia de Jesus por obra de Pio VII em 1814, após a supressão por parte do Papa Clemente XIV em 1773. Durante a homilia da celebração, após recordar que a Companhia viveu tempos difíceis, de perseguição, em que os inimigos da Igreja conseguiram obter a supressão da Companhia, o Santo Padre frisou que hoje, recordando a sua restauração, "somos chamados a recuperar a nossa memória, recordando os benefícios recebidos e os dons particulares" (cfr Exercícios Espirituais, 234).

  O Pontífice frisou que a Companhia viveu a humilhação com Cristo humilhado, obedeceu. "Não se salva nunca do conflito com a esperteza e com estratégias para resistir. Na confusão e diante da humilhação, a Companhia preferiu viver o discernimento da vontade de Deus, sem buscar um modo para sair do conflito em maneira aparentemente tranquila." Tendo evocado a postura com a qual o último Prepósito Geral de então, Pe. Lorenzo Ricci, viveu este tempo de tribulação para a Companhia, o Papa Francisco disse que, nesta ocasião de confusão e de perda, Pe. Ricci chegou a falar, justamente, dos pecados dos jesuítas. "Não se defende sentido-se vítima da história, mas se reconhece pecador". Portanto, ressaltou o Papa, diante da humilhação, a Companhia preferiu viver o discernimento da vontade de Deus – o único que salva do egoísmo e do mundanismo – e reconhecer os próprios pecados, evitando assim colocar-se na condição de vítima: "Olhar a si mesmos reconhecendo-se pecadores evita de colocar-se na condição de considerar-se vítimas diante de um carrasco. Reconhecer-se pecadores, reconhecer-se realmente pecadores, significa colocar-se na atitude justa para receber a consolação."

  Mesmo diante de seu fim, a Companhia "permaneceu fiel ao fim para o qual tinha sido fundada": caridade, união, obediência, paciência, simplicidade evangélica, verdadeira amizade com Deus e total confiança no Senhor. "Todo o resto é mundanismo", afirmou o primeiro Papa jesuíta. A chama da maior glória de Deus – foi o auspício de Francisco – "também hoje nos atravesse, queimando toda complacência e envolvendo-nos em uma chama que temos dentro, que nos concentra e nos expande, nos faz crescer e diminuir". "Deus é misericordioso, Deus coroa de misericórdia. Deus nos quer bem e nos salva. Às vezes o caminho que conduz à vida é estreito, mas a tribulação, se vivida á luz da misericórdia, nos purifica como o fogo, nos dá tanta consolação e inflama o nosso coração afeiçoando-o à oração. Os nossos irmãos jesuítas na supressão foram ardentes no espírito e no serviço do Senhor, alegres na esperança, constantes na tribulação, perseverantes na oração. E isto deu honra à Companhia, não certamente as comendas de seus mérito. E assim sempre será."


  "Recordemo-nos da nossa história: à Companhia foi dada a graça não somente de acreditar no Senhor, mas também de sofrer por Ele. Recordar isso nos fará bem", exortou Francisco. Também a Igreja, barca de Pedro, pode ser hoje, abalroada pelas ondas, como foi então a nave da Companhia de Jesus, refletiu o Papa. A noite e o poder das trevas "são sempre próximos": "Cansa remar. Os jesuítas devem ser “remadores especialistas e valorosos” (Pio VII, Sollecitudo omnium ecclesiarum): remem, portanto! Remem, sejam fortes, mesmo com o vento contrário! Rememos a serviço da Igreja. Rememos juntos! Mas enquanto remamos – todos remamos, também o Papa rema na barca de Pedro – devemos rezar tanto: “Senhor, salva-nos!”, “Senhor, salva o teu povo!”. O Senhor, mesmo se somos homens de pouca fé nos salvará. Esperemos no Senhor! Esperemos sempre no Senhor!."

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