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quarta-feira, 5 de março de 2014

A família sob o fio da navalha (Parte 2)


  Passei o ano inteiro de 2006 lendo e estudando a problemática do aborto, procurando saber de onde estariam vindo os ataques contra a família. Não foi muito difícil ter acesso a vasta documentação existente, de estudiosos sérios e pensadores bem informados, quase todos conscientes de que se trata de um movimento de desestabilização social e revolução cultural, que mirou seus dardos contra a família e contra a Igreja Católica (a que mais defendeu a família ao longo da História).

  O fato é que tal movimento não emergiu espontaneamente, mas foi gestado e impulsionado por poderosas forças econômicas e políticas, que passaram a financiar a cultura anti-família e anti-vida. Já no começo do século XX e, principalmente, depois da Segunda Guerra Mundial, tais grupos de poder (de modo especial as Fundações internacionais, como a Rockefeller e a Ford) passaram a atuar e a protagonizar o ataque contra a família e a moral católica, de modo sistemático e gradual, com tática gramsciana, agindo por dentro das instituições, dos governos, e da própria Igreja, financiando inclusive a dissenção dentro da Igreja, lançando no seio da Igreja e em outras instituições sociais, os venenos de efeitos subterrâneos, com fins de se atingir as raízes que por durante milênios fizeram da família a mais sólida de todas as instituições.
 
  Charles R. Morris, em seu livro “Os Magnatas” (LP&M Editores, 2006), falando de Andrew Carnegie, John D. Rockefeller, Jay Gould e J. P. Morgan, descreve o modo amoral como esses homens acumularam fortuna financeira. “Nenhum deles era modelo de conduta”. Rockefeller, por exemplo, “era frio e cerebral”, todos com “manobras estratégicas”, experts na especulação, no marketing e no embuste. Ficaram notórios pelas “fraudes extravagantes” e reputações arrasadas. Mas o que importa, se havia a obsessão pela prosperidade, e ficaram bilionários? Forjadores de crises para sair delas mais ricos ainda, deixando tudo e todos atônitos a sua volta. Não havia adversário que não fosse reduzido a pó, por eles. E desde o início, quando já eram “donos do mundo” e passaram a impor suas preferências e moldar a cultura dos demais povos, a Igreja Católica foi vista como a adversária das adversárias, e tudo foi feito para miná-la, em todos os aspectos, e mesmo quando acharam que já haviam dado o golpe fatal, julgando que tinham liquidado com ela, de vez, houve quem ainda reclamasse tratar-se de um cadáver difícil de enterrar. A pedra de Sísifo voltava a rolar. O organismo reagia e tudo começava de novo.


  Os alvos contra a Igreja prosseguiram. A moral católica era o grande obstáculo a ser vencido para as Fundações avançarem em seu projeto totalitário de poder global. “Os inimigos que enfrentamos são muito poderosos (…). O projeto de domínio global precisa ser feito com as mentes e consciências daqueles que pretende subjugar”, ressalta monsenhor Juan Cláudio Sanahuja, membro da Pontifícia Academia para a Vida. Quando os inimigos da Igreja viram que não era possível destruí-la por inteiro, então descobriram que era possível desfigurá-la, descaracterizá-la, destituí-la, por dentro, despojá-la de sua identidade. Que fique a casca, a aparência, mas o conteúdo precisaria ser sugado e eliminado. 

Prof. Hermes Rodrigues Nery é especialista em Bioética, pela PUC-RJ.

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