Passei
o ano inteiro de 2006 lendo e estudando a problemática do aborto, procurando
saber de onde estariam vindo os ataques contra a família. Não foi muito difícil
ter acesso a vasta documentação existente, de estudiosos sérios e pensadores
bem informados, quase todos conscientes de que se trata de um movimento de
desestabilização social e revolução cultural, que mirou seus dardos contra a
família e contra a Igreja Católica (a que mais defendeu a família ao longo da
História).
O fato é que tal movimento não emergiu
espontaneamente, mas foi gestado e impulsionado por poderosas forças econômicas
e políticas, que passaram a financiar a cultura anti-família e anti-vida. Já no
começo do século XX e, principalmente, depois da Segunda Guerra Mundial, tais
grupos de poder (de modo especial as Fundações internacionais, como a
Rockefeller e a Ford) passaram a atuar e a protagonizar o ataque contra a
família e a moral católica, de modo sistemático e gradual, com tática
gramsciana, agindo por dentro das instituições, dos governos, e da própria
Igreja, financiando inclusive a dissenção dentro da Igreja, lançando no seio da
Igreja e em outras instituições sociais, os venenos de efeitos subterrâneos,
com fins de se atingir as raízes que por durante milênios fizeram da família a
mais sólida de todas as instituições.
Charles R. Morris, em seu livro “Os Magnatas”
(LP&M Editores, 2006), falando de Andrew Carnegie, John D. Rockefeller, Jay
Gould e J. P. Morgan, descreve o modo amoral como esses homens acumularam
fortuna financeira. “Nenhum deles era modelo de conduta”. Rockefeller, por
exemplo, “era frio e cerebral”, todos com “manobras estratégicas”, experts na
especulação, no marketing e no embuste. Ficaram notórios pelas “fraudes
extravagantes” e reputações arrasadas. Mas o que importa, se havia a obsessão
pela prosperidade, e ficaram bilionários? Forjadores de crises para sair delas
mais ricos ainda, deixando tudo e todos atônitos a sua volta. Não havia
adversário que não fosse reduzido a pó, por eles. E desde o início, quando já
eram “donos do mundo” e passaram a impor suas preferências e moldar a cultura
dos demais povos, a Igreja Católica foi vista como a adversária das
adversárias, e tudo foi feito para miná-la, em todos os aspectos, e mesmo
quando acharam que já haviam dado o golpe fatal, julgando que tinham liquidado
com ela, de vez, houve quem ainda reclamasse tratar-se de um cadáver difícil de
enterrar. A pedra de Sísifo voltava a rolar. O organismo reagia e tudo começava
de novo.
Os alvos contra a Igreja prosseguiram. A
moral católica era o grande obstáculo a ser vencido para as Fundações avançarem
em seu projeto totalitário de poder global. “Os inimigos que enfrentamos são
muito poderosos (…). O projeto de domínio global precisa ser feito com as
mentes e consciências daqueles que pretende subjugar”, ressalta monsenhor Juan
Cláudio Sanahuja, membro da Pontifícia Academia para a Vida. Quando os inimigos
da Igreja viram que não era possível destruí-la por inteiro, então descobriram
que era possível desfigurá-la, descaracterizá-la, destituí-la, por dentro,
despojá-la de sua identidade. Que fique a casca, a aparência, mas o conteúdo
precisaria ser sugado e eliminado.
Prof. Hermes
Rodrigues Nery é especialista em Bioética, pela PUC-RJ.
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