E
esse trabalho de desmonte por dentro, começou de modo mais acentuado, quando John
Rockefeller III esgotou seus esforços em fazer convencer o papa Paulo VI em
flexibilizar a moral familiar católica na encíclica “Humanae Vitae”, publicada
em 1968. Rockefeller III esteve pessoalmente em audiência com Paulo VI e arguiu
que o mundo mudou, não dá mais, a realidade hoje é outra; querendo que Paulo VI
flexibilizasse a moral sexual católica, para justificar assim o controle populacional,
recorrendo ao aborto, se preciso, como método mais eficaz, como desejava
Margaret Sanger. Rockefeller III saiu da audiência com Paulo VI convencido de
que ele havia entendido de que era preciso mudar, flexibilizar.
Mas, para estupor de todos, Paulo VI não
flexibilizou e manteve a moral familiar de acordo com a lei natural, defendida
pela Igreja, há dois milênios. Rockefeller percebeu então que tinha de mudar de
estratégia: passou a financiar a revolução cultural. Teria paciência para isso,
trinta, quarenta anos, não importa. Mas atacaria a família e a moral católica
de outros modos, até a Igreja, acuada e extenuada, ter que flexibilizar, a
pedido dos próprios fiéis católicos. Numa entrevista, a fundadora das “Católicas
pelos Direito de Decidir” Francis Kissling (financiada por tais
grupos) assim afirmou: “O direito ao aborto somente será definitiva e
irreversivelmente estabelecido entre as mulheres quando, no dizer das
Católicas, mais do que a legislação, puder ser derrubada a própria moralidade
do aborto, e nisto a Igreja Católica não passa apenas de um alvo instrumental.
A moral católica é a mais desenvolvida. Se você puder derrubá-la, derrubará por
conseqüência todas as outras”.
Essa foi a estratégia adotada: as Fundações
desestabilizariam a sociedade a tal ponto, até que a maioria dos fiéis
exigissem do papa a flexibilização. “Não foi, tudo isso, um movimento
espontâneo – como me dissera o membro da Pastoral Familiar – mas forças
econômicas e políticas poderosas agiram para isso”. Da audiência de Rockefeller
III com Paulo VI, os ataques contra a família e a Igreja se tornaram cada vez
mais intensos e sistêmicos. Rockefeller III foi convencido por Adrienne Germain
de que era preciso mudar de estratégia. Então, em 1974 (no mesmo ano do
Relatório Kissinger), Rockefeller III decidiu investir na revolução cultural,
financiando o movimento homossexual e o feminismo radical.
Prof.
Hermes Rodrigues Nery é especialista em Bioética, pela PUC-RJ.
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