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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Receber a Eucaristia ou viver a Eucaristia?


  O Ano da Fé que ora vivemos é um dos momentos fundamentais para se aprofundar o tema da santidade na Igreja, a ação de Deus junto de seu povo, os bens e frutos da Eucaristia e como a estamos celebrando. Uma coisa não menos importante é se perguntar: deve-se preocupar-se mais em receber a Eucaristia ou viver a Eucaristia? Aprofundemos a questão.
  Já na Iniciação à vida cristã tanto de crianças como de adultos, nos deparamos com uma grande dificuldade: o conteúdo sistemático (programa de temas) é passado corretamente pelos nossos catequistas, porém não conseguimos perceber com precisão, se o que ouvem, aprendem e leem é vivido no cotidiano. Vemos muitos comungando após esta preparação basilar, mas continuamos sem saber como andam suas vidas. Percebe-se, ao fim de nossos cursos, uma vontade enorme por parte das crianças e adultos em "receber" os sacramentos, mas fica em segundo plano a "identificação" com Cristo, o assemelhar-se a Ele por uma vida santa, caracterizada pela busca das virtudes, pela prática da oração, pela leitura da Bíblia e pelo exercício da penitência.

  Penso que para resolver tal problema da vivência eucarística, requer-se duas coisas, uma por parte da Igreja e outra por parte de quem recebe o sacramento:

- Em relação à Igreja: aumentar o número de seus catequistas e os preparar para um contato mais pessoal, mais afetivo, mais familiar com os catequizandos e catecúmenos, visitando-os e, se possível, manter certa vida social com eles. Aqui é necessário dizer que nos esbarramos com outro problema: quem quer ser catequista? Quem quer se desdobrar entre sua vida particular, familiar e a vida da Igreja? Quem deseja "perder" seu tempo numa obra de voluntariado?

- Em relação à pessoa: que ela tenha o desejo e a consciência pura diante de Deus. Que não se conforme apenas em saber o conteúdo da fé, mas que tente testemunhar o que crê. E aqui nos deparamos com outro problema: a sociedade atual nos ensina a fazer um divórcio entre o que se crê e o que se vive; uma fé "pop", apenas pautada em bênçãos e proteções, misturada a crendices e dados alheios à fé católica. Assim, para muitos, pode-se ser católico, mas não precisa deixar aquilo que gosta ou acha certo fazer, ainda que doutrinariamente a Igreja diga que não é correto. Quem quer abdicar do "posso tudo" pelo "nem tudo me convém"? Quem está disposto a fazer a experiência da renúncia e do sacrifício? Quem quer lutar pelo que é certo, sem cair no rateio da verdade?

  A lógica do Reino do Céu nos inspira mais a viver a Eucaristia, que receber a Eucaristia. O que dizer, por exemplo, dos casais em outra união ou daqueles sem o matrimônio sacramental, ou noutra situação e que estão impossibilitados de receber a Comunhão sacramental? Podem viver a Eucaristia certamente, mesmo não podendo recebê-la. A Eucaristia é Amor, Doação, Entrega, Partilha, Verdade, Vida, Sacrifício, Louvor, Oblação, Missa, Bênção, Comunhão, Páscoa... Se tais palavras fazem parte da vida de alguém e não apenas do seu vocabulário, podemos dizer, sem dúvida, de que se trata de alguém eucarístico.
  Por fim é necessário dizer, sem perigo de errar ou de ser duro, que os que comungam a Eucaristia não são melhores do que os que não podem recebê-la. Os dois grupos podem se unir numa má vivência eucarística; o primeiro grupo, dos que comungam, tem a honra de receber a Eucaristia, mas podem não estar vivendo como Deus quer. Já o segundo grupo, dos que não recebem a Eucaristia, podem estar vivendo fora da prática cristã.
  Queridos amigos do blog, o Senhor nos concedeu, concedeu à Igreja um Magnífico e Altíssimo Dom, o Dom da Eucaristia. Como assumimos e vivemos tal presente?

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