O Advento não é um tempo
apenas de reflexão, mas de apelo à conversão. Internamente e externamente, a
Palavra de Deus nos confronta e nos exige uma tomada de nova posição na vida.
Este é o Domingo em que João Batista apresenta a proposta de conversão a
muitos, pregando o que Isaías já havia pedido em nome de Deus.
A figura de João é ímpar. Posto pelo Senhor
como “profeta do Messias”, ele tem consciência de sua pequenez e da grandeza de
seu ministério, da importância de sua pregação. Ele não traz novidades, mas
prega o que os antigos já produziram. O que faz do Batista ser diferente é
saber que a Pessoa de quem fala e prepara o caminho estará bem perto de si, seus
olhos o verão.
O convite de João é buscar a conversão
através do arrependimento dos pecados; de fato, podemos até buscar a conversão,
mas nos esquecermos de que a oração e a meditação nos impulsionam a abandonar
os pecados. Quantos estão na Igreja e em seus ministérios, mas não deixam a
prática do mal... Pior, alguns acham que podem conviver entre a graça e o
pecado. Para o Batista não pode ser assim: endireitar o que está torto,
aplainar o que está saliente, aterrar os vales profundos é imperativo!
Na leitura primeira, do profeta Baruc, o
autor sagrado convida a todos a se despirem das “vestes de luto”. Despir-se
diante de Deus, apresentar-se ao Senhor sem aviamentos, sem máscaras, é o que
mais Ele deseja. O homem, à medida que cresce e se desenvolve, que convive no
meio dos outros vai, indiscriminadamente juntando em si vestes que cobrem sua
nudez. Não falo aqui da nudez corporal – até porque somos a favor do pudor nas
roupas – mas falamos daquela artificialidade criada pelo homem e que o vai
escondendo de Deus e das pessoas; o homem vem produzindo cada vez mais máscaras
e tipos, papéis e atuações e se esquecendo (ou propositadamente abandonando) o
seu verdadeiro ser. Diante do Senhor, nos dispamos daquilo que é efêmero, contingente,
mau e opaco.
O apelo à conversão continua nesta Missa do
2° Domingo do Advento nas palavras de São Paulo aos Filipenses: “E isto eu peço
a Deus: que o vosso amor cresça sempre mais, em todo o conhecimento e
experiência, para discernirdes o que é o melhor. E assim ficareis puros e sem
defeito para o dia de Cristo, cheios do fruto da justiça que nos vem por Jesus
Cristo, para a glória e o louvor de Deus”. Neste tempo importante de
preparação para a vinda de Cristo, não pode faltar o amor e um amor grande,
alicerçado no conhecimento, na experiência e no discernimento. Devemos conhecer
o que amamos; experimentar sempre esta virtude e discernir, todos os dias, que tipo de amor tem
arrebatado meu coração.
Nesta semana avançamos nossa caminhada para o Cristo que vem. Que o apelo à conversão deste Domingo nos encha de santa
vontade pela mudança, de alegria pela vida nova e de esperança, de que “Aquele
que vos chamou é fiel e é Ele quem vai agir” (1Ts 3,24). Possa São João Batista servir-nos de modelo de renovação e a Virgem Santíssima, a cheia de graça, interceder por nós.
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