Testemunhar e anunciar a mensagem cristã, conformando-se com Jesus Cristo. Proclamar a misericórdia de Deus e suas maravilhas a todos os homens.

Páginas

sábado, 1 de dezembro de 2012

Edito de Milão: luz para a Igreja. Um pouco de História Eclesiástica



  Desde à Galiléia, passando pela Judéia e se estendendo a todo o império romano, a história dos cristãos sempre foi de perseguição e morte. Seguir os ensinamentos de Jesus não era mera piedade para os governantes, mas uma verdadeira escola de insubordinação, de política revolucionária. E digamos que, em parte, era assim mesmo, pois os cristãos, ainda que respeitassem à autoridade constituída, tinham somente a Deus por seu Senhor. Dessa obediência irrestrita a Deus, viriam práticas e pensamentos muito particulares e que se colocavam muitas vezes contrários aos dos imperadores. Isso, claro, trouxe um acirramento das relações entre cristãos e Império Romano.

  Os cristãos viviam entre perseguições mais agudas e menos fortes, mas sempre foram tratados como marginais. Em 250, o imperador Décio iniciou uma nova onda de perseguições mais cruéis. Ordenou aos cristãos que oferecessem sacrifícios aos deuses romanos e os que não fizessem pagariam com a vida. E assim foi, milhares de cristãos se recusaram e, depois de presos, cruelmente assassinados. Os Papas seguiam o mesmo caminho: Fabiano morreu na prisão e Sisto II decapitado. Apesar das torturas, mutilações e mortes, os cristãos perseveravam em sua fé e começavam a atrair algumas famílias influentes de Roma, por seus exemplos e virtudes, como Helena, a mãe de Constantino. Esse fato significante mudará a vida dos cristãos.
  Em 312, Constantino inicia sua luta contra Maxêncio, a fim de se manter à frente do poder do ocidente. Neste período, menos por influência da mãe e mais por uma visão política, Constantino se aproxima cada vez mais do cristianismo. É verdade que continua pagão, seguidor do enoteísmo solar, mas cresce sua curiosidade e interesse pela “onda cristã” que se instala em seu reino.
  Segundo a “Vida de Constantino”, escrita por Eusébio, antes do confronto definitivo com Maxêncio, aconteceu uma “visão” da cruz e das palavras “Com esse sinal vencerás”; visão, mero sonho ou apenas uma prece de Constantino ao Deus dos cristãos, a verdade é que a vitória aconteceu e também o início da conversão do imperador. Será apenas um começo de conversão, pois além de ainda estar ligado a práticas pagãs, suas ações e interesses políticos não permitirão a Constantino dar um passo definitivo para a via cristã, o que ocorrerá somente em seu leito de morte, quando recebe, enfim, o batismo e morrendo como o primeiro imperador cristão.
  Após sua vitória, Constantino se dirige a Milão, para se encontrar com o imperador do Oriente, Licínio, que acabara de se casar com sua irmã Constança. Parece que Oriente e Ocidente estão cada vez mais unidos. Os cunhados conversam sobre tudo e sobre as políticas que implementarão a partir daquele momento. Entre fevereiro e março daquele ano de 313, surge o Edito ou Édito de Milão. Este documento não chegou até nós e talvez tenha sido apenas algum dos protocolos que ambos os imperadores tenham assinado em prol dos impérios. O que temos são cartas de Constantino e Licínio e rescritos que indicavam uma nova política de ação para o Estado, confeccionada por ambos os imperadores.
  O Edito de Milão trazia como consequências os seguintes pontos:

  A liberdade de religião é para todos, inclusive para os cristãos;

  Os bens confiscados da Igreja serão todos restituídos;

 A Igreja receberá do Império custeio para reconstruir suas propriedades e doações para novas construções.

  Não é difícil perceber como esta nova ordem trouxe um bem enorme à Igreja e revolucionou a expansão do cristianismo. A “revolução da cruz” ou “paz constantiniana” foi um dos grandes acontecimentos para a História do cristianismo que mudou o curso do mundo. A partir dessa época, a Igreja foi ganhando pouco a pouco o status de “religião do Estado”, ampliando suas comunidades, voltando a convocar Concílios (agora com a presença dos imperadores) e solidificando sua fé.
  A construção das grandes basílicas tanto no ocidente como no oriente e o desenvolvimento do culto cristão, em sua liturgia e paramentaria, fez a Igreja e os cristãos alcançarem um patamar nunca antes alcançado ou pensado. O cristianismo, então uma religião de muitos adeptos, estava tornando-se a religião preferida da maioria. Já em 321, o Domingo ganha o favor de ser “dia especial” para descanso e culto. Mais tarde a morte por crucificação é abolida e a cruz foi adotada como símbolo e passou a figurar nos estandartes e escudos. As peregrinações aos lugares santos iniciaram com toda a força; os cristãos não só poderiam visitar a Terra santa e outros lugares do império, como também eram acompanhados nos caminhos mais perigosos por soldados. Todos esses benefícios e muitos outros, vieram do Edito de Milão que passou à História como um dos maiores acontecimentos em prol do cristianismo.


BIBLIOGRAFIA

BLAINEY, Geoffrey. Uma breve história do cristianismo. São Paulo: Fundamento, 2012.

PIERINI, Franco. A idade antiga – Curso de História da Igreja I. São Paulo: Paulus, 1998.

ROPS, Daniel. A igreja dos Apóstolos e dos Mártires. São Paulo: Quadrante, 1988.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você pode deixar seu comentário ou sua pergunta. O respeito e a reverência serão sempre bem vindas.