Queridos irmãos e irmãs,
Estamos mais próximos do Natal do Senhor
Jesus e iniciamos também a novena de Natal, que é aquele momento específico da
comunidade cristã de viver intensamente as alegrias que o Senhor nos
proporciona, de preparar o nosso íntimo, o nosso coração para bem viver este
tempo da vinda do Senhor. Às vezes, influenciados pelos valores do mundo
moderno – tão distantes dos valores cristãos – nos deixamos levar por muitas
preocupações: o que vamos beber, o que vamos comer, o que vamos vestir no fim
de ano, quem vamos receber, para onde vamos viajar... e nos esquecemos da
melhor e maior preparação de fim de ano, que é ter um coração pronto para Deus
habitar.
Neste clima da chegada do Senhor, a Confissão,
a Eucaristia, a Palavra de Deus, as orações, o exercício da fraternidade, tudo
isso é bem necessário para nos preparar para a vinda do Senhor. Este tempo do
Advento deve ser para cada um de nós um momento marcante de entrega a Jesus, de
pertença a Ele e de renovada esperança de ter a Deus sempre por perto de nós.
Hoje celebramos o Domingo “Gaudete”, Domingo “do
alegrai-vos”. Esta é a maravilha que o Senhor está nos concedendo: o dom da
alegria. Quando os pastores receberam a notícia do nascimento do Salvador, diz
a Escritura, “ficaram muito alegres”. Vemos que a alegria humana só tem sua
razão de ser na alegria divina, no anúncio da proximidade de Deus junto ao
homem. Assim, se a nossa alegria não estiver alicerçada, se a nossa alegria não
estiver enraizada em Deus, não poderemos obter a verdadeira alegria.
Temos visto muitas “alegrias” por aí. Aquela
alegria ruidosa que só faz barulho; alegria da comilança, da bebedeira, das
festas incontáveis, das baladas... Em tudo isso pode até conter alguma alegria,
mas ela será sempre passageira, não autêntica, aquela que o Senhor Jesus quer
nos dar. Então que alegria é essa? Qual é a alegria que Deus nos propõe? Na
primeira leitura ouvimos o profeta Sofonias dizer: “Alegra-te e exulta de todo
o coração, cidade de Jerusalém! O Senhor revogou a sentença contra ti, afastou
teus inimigos; o rei de Israel é o Senhor, ele está no meio de ti, nunca mais
temerás o mal”. Então essa é a nossa alegria: de pertencermos a Deus, de não
estarmos solitários na caminhada, de não estarmos vazios, de não estarmos
abandonados.
Vemos no mundo tantas pessoas que sentem
assim, abandonadas, solitárias, desoladas. Os seus amigos não estão perto, os
amados foram embora, outros morreram, pessoas distantes de sua pátria, longe de
suas casas... As tristezas do mundo invadem de tal forma nosso coração, que nos
deixam frágeis, fracos, sem ânimo, sem vida. Quantos não encontram mais alegria
naquilo que fazem! Não encontram alegria nas pessoas com as quais convivem, não
encontram alegria nas coisas de Deus, não encontram alegria em nada ou quase
nada. Nunca vimos uma geração tão imersa numa depressão profunda como a nossa
geração! Quantas pessoas vão a psicólogos e psiquiatras para poder tentar sair
desse grande redemoinho da falta de ânimo, da falta de motivação, da falta da
alegria. Este, irmãos e irmãs, é o reflexo de um mundo muito louco que abandona
aquilo que é importante e se entrega, sofregamente, apenas a alegrias
passageiras, ruidosas, que só fazem estardalhaços, e que ao passarem, nada
deixam, apenas vazio existencial e uma tristeza profunda. Nós cristãos temos
que vencer a barreira desta alegria mundana e receber aquela que Cristo nos
oferece.
Na Carta aos Filipenses, São Paulo exortava a
todos: “Alegrai-vos sempre no Senhor!” E dizia: “Eu repito: alegrai-vos no
Senhor!” É em Deus e com Deus que a nossa alegria é maior. Mundo e seres
humanos podem nos decepcionar, mas o Senhor nunca nos abandona. Devemos então
nos alegrar pelo dom da fé, pelo dom da vida, pelo dom das virtudes e de tudo o
mais que Deus nos deu e dá. Tantas coisas temos para nos alegrar, mas
infelizmente, concentramos nossos olhos e coração naquilo que há de mal em torno
a nós; nos prendemos às coisa tristes e nos esquecermos das alegrias. “Alegrai-vos!”
é o convite que a Liturgia nos faz hoje.
O triste não encontra resposta, não encontra
saída, mas o alegre está sempre aberto à esperança, sempre otimista, o alegre
sabe que as tempestades passam, a tormenta passa e que a calmaria virá. A
Bíblia nos diz: “Os que em lágrimas semeiam, colherão com alegria” e diz
também: “Se à tarde vem o pranto visitar-nos, de manhã nos vem saudar a alegria”.
Esperança em Deus que vem para nos salvar, que vem para nos resgatar.
No Santo Evangelho, Lucas nos propõe o
exemplo de João Batista, dizendo exatamente isso: João é uma pessoa alegre e,
portanto, vai dar respostas a todos os que dele se aproximarem. João ensina a
partilha, o dom de dar, a não usura, o não apego. Quem dá de si, quem se
entrega e entrega o que tem, esse é feliz! Todo aquele que faz a experiência da
fraternidade é feliz. Já o egoísta, o ganancioso, será sempre áspero, infeliz,
temeroso de perder o que tem.
João também ensina a justiça, que é fonte da
alegria. Uma vida sem murmurações, sem reclamações é o que o Batista também
propõe. De fato, o alegre não entrega sua língua ao mal, mas o descontente está
sempre criticando.
Ao fim do Evangelho, vemos a constatação do
Batista: “O Messias é maior, nem se é digno de desatar-lhe as sandálias”. Deus
é grande, Deus é maior do que os nossos problemas, é maior do que as
preocupações, Deus é maior que nós. E, se tudo está debaixo de seu amparo, o
que temer?
Que possamos nos alegrar n’Ele, com Ele e por
Ele! Que a Virgem Santíssima, Mãe da esperança e da alegria, nos conduza os
passos para as alegrias eternas. Amém.
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