Em suas pressuposições e
metas estas duas atividades são nitidamente distintas uma da outra.
Precisamente porque a função da apologética é apresentar, defender e justificar
a fé cristã para os que não creem; suas discussões com várias espécies de
“descrentes” pressupõem não a plena fé cristã e católica romana, mas um não
conhecimento dela e até uma perseguição à mesma. Já a teologia fundamental
parte da realidade da fé, da fé conhecida, ao menos, seus rudimentos.
Um diálogo “apologético” com um filósofo
agnóstico, com um anticlerical, ou com um muçulmano deve respeitar o estado
atual de cada pessoa. O filósofo não permitirá que o apologeta cristão assuma
verdades derivadas da revelação, mas irá entabular discussão à base de
evidência racional, filosófica e histórica. O anticlerical poderá admitir que a
fé cristã em Deus revelado em Jesus Cristo forme um pressuposto para o diálogo,
mas não assumirá que o testemunho católico oficial desta revelação seja
substancial e necessariamente seguro.
A fé em Deus, mas não em Jesus como o Filho
encarnado de Deus, formará as premissas para o intercâmbio com o muçulmano, o
budista, o judeu. Em resumo, o apologeta cristão pode assumir apenas o que seus
companheiros de diálogo, sejam eles estritamente descrentes e “de fora”, ou
indecisos “de dentro”, concordam em pressupor. Assim, o apologeta crente
começará por pontos que já têm sentido e validade para o parceiro de diálogo em
questão, e isto envolverá sempre o pôr de lado ao menos algumas afirmações de
fé.
No diálogo da teologia fundamental, o mais
importante é ter uma linguagem única. Não adianta falar de “revelação”, se os
envolvidos no diálogo não entendem o que vem a ser isso ou a entendem de maneira
diversa; se temos necessidade de uma saudável apologética para “os de fora” da
Igreja, temos a mesma necessidade de uma teologia fundamental para “os de
dentro” da Igreja. Muitos desentendimentos e incompreensões acontecem na
Comunidade católica por falta de conhecimento de conceitos básicos à fé. Pior
ainda quando os católicos, mesmo “católicos”, se afastam ou rejeitam os dados
da fé e da doutrina e tornam-se “protestantes” ou agnósticos dentro da Igreja.
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