Consideremos como depois de
tantos séculos, depois de tantas orações e pedidos, veio, nasceu e se deu todo
a nós o Messias, que não foram dignos de ver os santos patriarcas e profetas; o
desejado pelos gentios, o desejado pelas colinas eternas, nosso Salvador:
"Um menino nos nasceu, um filho nos foi dado". O Filho de Deus
se fez pequeno para fazer-nos grandes: deu-se a nós para que nos déssemos a
Ele; veio mostrar-nos seu amor, para que lhe déssemos o nosso. Recebamo-lo,
pois com afeto, amemo-lo e recorramos a Ele em todas as nossas necessidades.
As crianças, diz São Bernardo, facilmente concedem
o que se lhes pede. Jesus veio como criança, para mostrar-nos que está disposto
a dar-nos todos os seus bens. "No qual se acham todos os tesouros"
(Cl. 2,3). "O Pai...entregou tudo em suas mãos" (Jo. 3,35). Se
queremos luz, Ele veio para nos iluminar; se queremos força para resistir aos
inimigos, Ele veio para nos fortalecer; se queremos o perdão e a salvação, Ele
veio precisamente para nos perdoar e nos salvar; se queremos, em uma palavra, o
supremo dom do amor divino, Ele veio para nos abrasar; e, para isto, sobretudo,
se fez menino e quis apresentar-se a nós pobre e humilde, para parecer mais
amável, para tirar-nos todo o temor e conquistar nosso afeto: "Assim devia
vir quem quis desterrar o temor e buscar a caridade", diz São Pedro
Crisólogo.
Além disso, Jesus
Cristo quis vir criança, para que o amássemos não só com amor apreciativo, mas
com amor terno. Todas as crianças sabem conquistar para si afetuoso carinho
daqueles que a rodeiam e, quem não amará com ternura seu Deus, vendo-o
criancinha, com frio, pobre, humilhado e abandonado, que chora sobre as palhas
de um presépio? Vinde amar Deus feito menino e feito pobre, e que é tão amável
que desceu do céu para entregar-se por completo a nós.
Reza-se
o Terço e a Ladainha de Nossa Senhora
Oração:
Ó amável Jesus, tão
desprezado por nós! Descestes do céu para resgatar-nos do inferno e dar-vos por
completo a nós, como pudemos tantas vezes, voltar-vos as costas, ó Deus! Os
homens são tão gratos às criaturas que se alguém lhes dá um presente, se lhes
envia um cumprimento, se lhes dá qualquer prova de afeto, não se esquecem e se
sentem forçados a corresponder. E, pelo contrário, são tão ingratos convosco,
que sois seu Deus, e tão amável que por seu amor não recusastes dar o sangue e
a vida. Mas, ai de nós, nós fomos ainda piores que os outros, porque fomos mais
amados e mais ingratos. Ah! Se as graças que nos destes, as tivesses dado a um
herege, a um idólatra, talvez se tivessem santificado, e nós vos ofendemos. Por
favor, não vos lembreis, Senhor, das injúrias que vos fizemos. Dissestes que,
quando um pecador se arrepende, esquecei-vos de todos os pecados cometidos:
"Nenhum dos pecados que cometeu lhe será recordado" (Ez. 18,
22). Se no passado não nos amamos, no futuro não queremos senão vos amar.
Já que vos destes
completamente a nós, damo-vos em troca toda a nossa vontade; com ela vos amamos
e que vos amamos queremos repetir para sempre. Queremos viver repetindo-o e
repetindo-o morrer, para começarmos desde o instante que entramos na eternidade
a amar-vos com um amor contínuo que durará eternamente. Entretanto, Senhor,
nosso único bem e único amor, propomo-nos a antepor vossa vontade a todos os
nossos prazeres. Por nada queremos deixar de amar quem nos amou tanto; não
queremos mais desgostar a quem devemos amor infinito. Secundai, Jesus, nosso
desejo com vossa graça.
Rainha nossa,
Maria, reconhecemos que todas as graças recebidas de Deus são devidas à vossa
intercessão; continuai a interceder por nós, alcançai-nos a perseverança, vós
que sois a Mãe de todas as graças. Amém.
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