Consideremos como naquele
primeiro instante em que foi criada e unida a alma de Jesus Cristo a seu corpo,
no seio de Maria, o Padre Eterno mostrou a seu Filho sua vontade de que
morresse pela redenção do mundo; e naquele mesmo instante lhe mostrou todas as
penas que devia sofrer até a morte para redimir os homens. Mostrou-lhe então
todos os trabalhos, desprezos e pobreza que devia padecer em sua vida, tanto em
Belém como no Egito e em Nazaré, e depois todas as dores e ignomínias da
paixão: açoites, espinhos, cravos e cruz; todos os tédios, tristezas, agonias e
abandonos no meio dos quais havia de terminar sua vida no Calvário.
Abraão, conduzindo seu filho à morte, não
quis afligi-lo dizendo-lhe antecipadamente que morreria, e isso no pouco tempo
que era necessário para chegar ao monte. Mas o Eterno Pai quis que seu Filho
encarnado, destinado como vítima de nossos pecados à sua justiça, padecesse
imediatamente, pelo conhecimento delas, todas as penas a que depois teria que
sujeitar-se durante sua vida e em sua morte. Daí, a tristeza padecida por
Jesus no Horto, capaz de tirar-lhe a vida, como ele declarou: "Minha alma
está triste até a morte" (Mt. 26,38), padeceu-a também constantemente
desde o primeiro momento em que esteve no seio de sua Mãe. Assim, desde então
sentiu vivamente e sofreu o peso reunido de todas as dores e vitupérios que O
esperavam.
A vida inteira e
todos os anos de nosso Redentor foram cheios de penas e lágrimas: "Na dor
se consome minha vida, e em soluços meus anos" (Ps. 30,11). Seu divino
Coração não teve um momento livre de sofrimentos; quer vigiasse ou dormisse,
quer trabalhasse ou descansasse, rezasse ou falasse, sempre tinha diante dos
olhos essa amarga representação, que atormentava mais sua santíssima Alma do
que atormentaram aos santos mártires todas as suas penas. Eles padeceram, mas,
ajudados pela graça divina, padeceram com alegria e fervor. Jesus Cristo
sofreu, mas sofreu sempre com o coração cheio de tédio e tristeza, e tudo
aceitou por nosso amor.
Reza-se
o terço e a Ladainha de Nossa Senhora
Oração:
Ó doce, ó amável, ó amante
Coração de Jesus, assim desde menino fostes amargurado e agonizáveis no seio de
Maria? Tudo isto sofrestes, Jesus, para satisfazer pela pena e agonia eterna
que nos cabia padecer no inferno por nossos pecados. Vós pois, padecestes sem
nenhum alívio para salvar-nos, depois de nós termos nos atrevido a abandonar a
Deus e voltar-lhe as costas, para satisfazer nossos gostos miseráveis.
Graças vos damos,
Coração amante e aflito de Nosso Senhor. Agradecemo-vos e nos compadecemos de
Vós ao considerar que padecestes tanto pelos homens e que estes não se
compadecem de Vós. Como são grandes o amor de Deus e a ingratidão dos homens. Ó
Redentor nosso, como são poucos os homens que pensam em vossas dores e em vosso
amor. Ó Deus, como são poucos os que vos amam. E desgraçados de nós que também
vivemos tantos anos sem lembrarmo-nos de Vós! Vós padecestes tanto para que vos
amássemos e não vos amamos. Perdoai-nos, Jesus, perdoai-nos que queremos nos
emendar e queremos vos amar. Pobres de nós, Senhor, se resistirmos à Vossa
graça e por nossa resistência nos condenarmos.
Quantas
misericórdias usastes conosco e especialmente vossa voz que agora nos convida a
amar-vos, seriam nossas maiores penas no inferno. Amado Jesus, tende piedade de
nós, não permitais que vivamos mais ingratos a vosso amor; dai-nos luz e força
para vencer tudo e para cumprir vossa vontade. Escutai-nos, rogamo-vos, pelos
méritos de vossa Paixão. De Vós esperamos tudo e de vossa intercessão, ó Maria.
Querida Mãe, socorrei-nos, Vós que nos alcançastes todas as graças que
recebemos de Deus; continuai a nos ajudar, pois se não o fazeis seremos
infiéis, como o fomos no passado. Vós sois toda a nossa esperança e toda a
razão de nossa confiança. Amém.
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