Com relação à celebração
voltada para o crucifixo, vemos que por norma o Santo Padre mantém o
posicionamento ao altar chamado de “voltado para o povo”. Apenas em poucas
ocasiões celebrou voltado para o crucifixo. Como toda celebração da Missa,
qualquer que seja a posição física do celebrante, é voltada para o Pai através
de Cristo no Espírito Santo e nunca voltada “para o povo”, não admira que quem
celebre a Eucaristia possa estar voltado também fisicamente “em direção ao
Senhor”.
No que diz respeito, finalmente, ao modo de
distribuir a Santa Comunhão aos fiéis, é preciso distinguir o aspecto de
recebê-la sobre a língua daquele de recebê-la de joelhos. Na atual forma
ordinária do Rito Romano (ou Missal de Paulo VI), os fiéis têm o direito de
receber a Comunhão tanto de pé quanto de joelhos. Se o Santo Padre estabeleceu
conferi-la de joelhos, penso – obviamente esta é apenas minha opinião pessoal –
que ele considere esta posição mais adequada para expressar o sentimento de
adoração que devemos sempre cultivar ao receber o dom da Eucaristia.
Na Sacramentum Caritatis, citando Santo
Agostinho, o Papa lembrou que, ao receber o Pão Eucarístico, devemos adorá-lo,
porque não adorando incorreríamos em pecado. Antes de distribuir a Comunhão, o
próprio sacerdote realiza a genuflexão diante da Hóstia; porque não ajudar os
fiéis a cultivar esse sentimento de adoração por meio do mesmo gesto?
No que diz respeito a receber a Comunhão
sobre a mão, deve-se lembrar que essa prática é hoje possível em muitos lugares
(possível, mas não obrigatória), mas permanece uma concessão, uma vez que a
norma ordinária estabelece que a Comunhão seja recebida somente sobre a língua.
Esta concessão foi feita às Conferências Episcopais que a requisitaram, e não
partiu da Santa Sé promovê-la. Portanto, nenhum bispo membro de uma Conferência
Episcopal que tenha requisitado e obtido essa licença está obrigado a aplicá-la
em sua diocese; cada bispo tem liberdade para decidir aplicar a norma
universal, que permanece vigente apesar de todas as licenças concedidas, e que
estabelece que os fiéis devem receber a Santa Comunhão sobre a língua. Assim, é
importante que o próprio Santo Padre mantenha a regra tradicional, confirmada
mais uma vez por Paulo VI, que proíbe os fiéis de receberem a comunhão sobre a
mão.
Monsenhor Mauro Gagliardi,
professor ordinário da Faculdade de Teologia do Ateneu Pontifício “Regina
Apostolorum” de Roma, consultor do Ofício de Celebrações Litúrgicas do Sumo
Pontífice
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