Nos últimos Conclaves para a
eleição de João Paulo II e Bento XVI voltaram à baila as “profecias” de São
Malaquias (não é o profeta São Malaquias, do Antigo Testamento), que, segundo o
monge beneditino Dom Estevão Bettencourt, “carecem de toda e qualquer autoridade,
segundo os resultados da boa crítica histórica”. A Igreja nunca se guiou por
tais profecias. (cf. Revista “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”, n. 227/1978, pg.
451s). Coloco aqui algumas informações do citado artigo:
“São Malaquias (1095-1140) foi bispo do
Armagh na Irlanda no século XII. Até o século XVI nenhum autor ou documento
mencionou as suas “profecias”; estas foram ignoradas até 1595, quando o
beneditino Arnoldo do Wyon as inseriu no seu opúsculo “Lignum Vitae”. Hoje em
dia pode-se dizer que tal documento teve origem em 1590 durante o conclave que
devia eleger o sucessor de Urbano VII; entre os Cardeais mais em vista estava
Simoncelli, cidadão do Orvieto e antigo bispo desta cidade; ora os amigos do
Simoncelli quiseram favorecer a eleição deste prelado, apresentando uma
lista “profética” de 111 Papas, em que o sufragado após Urbano VII
era o Papa “De antiquitate urbis” (Da antiguidade da cidade). Isto é, o Papa de
Orvieto (= Urbs vetus, cidade antiga); em vista disto, forjaram uma série de
dísticos papais mais ou menos condizentes com a realidade desde Celestino II
(1143-1144), mas assaz arbitrária após Urbano VII. Todavia essa fraude
foi vã, pois quem saiu eleito do conclave em 1590 foi o Cardeal Sfrondate, arcebispo
do Milão, que tomou o nome de Gregório XIV. Estes dados bastam para dissipar
qualquer dúvida acerca da pretensa autoridade das “profecias” de São
Malaquias”.
Como agora, já na eleição de João Paulo II,
em 1978, estiveram em destaque as ditas “profecias de São Malaquias”. A
imprensa as mencionava como referencial para se predizer a identidade do futuro
Papa. Verificou-se, porém, que os resultados foram totalmente diversos do que
se previa. A Igreja é conduzida por Deus e não pelos homens.
As “profecias” de São Malaquias previam o
fim do mundo para o ano 2000 aproximadamente… Segundo o antigo intérprete
dessas “profecias”, Ciacconio, contam-se 38 Pontífices desde Urbano VII
(† 1590) até o fim do mundo, sendo que o Papa João Paulo II, que vem a ser “De
labore solis” (Da fadiga do sol) ainda teria dois sucessores, o último dos
quais, Pedro II, verá, com a geração dos seus contemporâneos, a consumação da
história.
A Profecia de Malaquias, logo depois de
divulgada em 1595, obteve sucesso considerável. Segundo Dom Estevão
Bettencourt, essas profecias “carecem de autoridade”, e os bons críticos não
hesitam em rejeitar a sua autenticidade, por isso a Igreja não lhe dá
importância. Quem primeiramente a impugnou apelando para argumentos ainda hoje
plenamente válidos, foi o Pe. Ménestrier S. J., no seu livro “’Réfutation des
Prophéties faussement attribuées à S. Malachie sur les élections des Papes”’
(Paris 1689). Eis as principais razões desde então aduzidas contra a genuinidade
das Profecias:
1) Durante cerca de 450
anos, isto é, desde São Malaquias († 1148) até o opúsculo “Lignum Vitae”
(1595), jamais autor algum fez alusão aos oráculos de São Malaquias; nem os
historiadores medievais e renascentistas, ao escrever a Vida dos Papas,
mencionam tal documento, que certamente deveria ser citado, caso fosse
conhecido.
2) A finalidade da Profecia
(insinuar a época do fim do mundo) contraria a intenção de Cristo, que em mais
de uma ocasião se negou a revelar aos homens a data do juízo final (cf. Mc
13,32; At 1,7). A aplicação dos dísticos aos respectivos Papas baseia-se
em notas acidentais e arbitrárias.
Alguns críticos julgam que a “Profecia de São
Malaquias” foi forjada justamente nesse ano de 1590, quando o falsificador já
conhecia parte da história dos Papas que ele havia de caracterizar,
ficando-lhe desconhecida a outra parte (a do futuro).
“Diante destas observações da crítica
abalizada, vê-se que vão seria evocar a “Profecia” de São Malaquias, seja para
ilustrar a história do Papado, seja para prever o decurso dos futuros tempos ou
mesmo a época da segunda vinda de Cristo”.
O bom católico deve acreditar piamente nas
razões pelas quais disse o Papa que renunciou, sem se deixar levar por
fantasias, elucubrações, medos, e outras interpretações. Isso assusta as
pessoas e não é bom. Confiemos plenamente no Papa. Ouçamos apenas o que
ele e a Igreja nos dizem, nada mais. A Igreja pertence a Cristo (“a Minha
Igreja”), e as forças do inferno jamais a vencerão.
Prof. Felipe Aquino
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