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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Da taciturnidade


  Em sua Regra, no Capítulo 6°, São Bento trata da taciturnidade ou do silêncio. A Regra de São Bento, em muito inspirada na "Regra do Mestre", de autor desconhecido, foi escrita não apenas para regular a vida comunitária cenobítica, mas para guiar a qualquer um no caminho do Evangelho. Nesta Regra encontramos uma doutrina perene, de valor universal e para todos os tempos e também uma doutrina contingente, mais restritiva e dirigida mais especificamente aos monges e monjas. Ao falar do silêncio, no entanto, o grande Patriarca nos conduz a uma meditação sempre importante que devemos fazer: sei escutar? Guardo o silêncio? Encontro-me com Deus nele? Abstenho-me de palavras desnecessárias? Falemos um pouco, sem querer ferir o preceito beneditino, sobre o dom do silêncio.

  A taciturnidade não é uma mudez permanente. Não é um simples "não falar", mas pesar as palavras, pensar sobre elas, purificá-las no interior. O homem moderno parou de fazer este exercício; fala do que sabe e fala do que não sabe. São Bento dizia que "às vezes se devem calar até as boas conversas". Isso para indicar que nem sempre é necessário falar sobre tudo. O silêncio também é um exercício de eloquência, pois para saber falar, será necessário dar sentido ao que se fala. Hoje, quantas palavras que nada dizem... quantos discursos que nada acrescentam... quantas poesias sem sentido... quantas letras de música que só existem para rimar "tralalá" com "chalalá"... em que tudo isso acrescenta ao nosso ser?

  Ser taciturno não é ser "fechado", antipático, cabisbaixo, melancólico... mas alguém que reflete, pondera o valor do que deve dizer; se há o que falar, que se fale para edificação, mas se não há o que falar, por que abrir a boca? Quantas discussões, quantos mal entendidos, quanta confusão se evitaria através do silêncio. Isso não significa também omissão. Há o adágio tão conhecido de todos nós: "quem cala consente"; nem sempre! Há coisas que, por mais verdadeiras que sejam, não podem ser ditas naquele momento, àquela pessoa ou daquele jeito. Isso não é omissão, mas prudência. Nunca se deve dizer a mentira, porém nem sempre deve-se dizer a verdade. Só a escola da taciturnidade pode nos ensinar o dom das palavras!

  Num mundo de muitos ruídos e de muitas palavras, a taciturnidade parece ser algo bem revolucionário. Ir na direção contrária a tanto barulho parece, no mínimo, um martírio. Se quisermos escutar melhor a Deus e se quisermos falar melhor com os homens o silêncio, sem dúvida, será o melhor método para "dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus".

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