Queridos
leitores,
Iniciamos hoje, com
toda a Igreja espalhada pelo mundo, neste dia 13 de Fevereiro (Quarta-feira de
Cinzas), o período da Quaresma. Com estas perguntas e suas respectivas
respostas, quero tentar dirimir algumas curiosidades e dúvidas dos fiéis que
desejam participar melhor deste “tempo favorável” de graça e conversão.
1. O que é Quaresma?
É a preparação
espiritual e moral de todos os fiéis católicos no período de quarenta dias
(quadragésima) que antecede a Páscoa.
2. Quando surgiu a Quaresma? Ela foi “inventada” por Jesus?
Não, a
Quaresma não foi criação de Jesus, mas da Igreja. Ela percebeu que a Bíblia
sempre fazia referência ao número “40”: 40 dias de dilúvio no tempo de Noé, 40
anos do Povo de Deus no deserto, 40 dias de meditação de Moisés no Horeb, 40
dias para a conversão dos ninivitas, 40 dias peregrinação do profeta Elias, 40
dias de Jesus no deserto e outras tantas citações. Quis, então, a Igreja
preparar melhor seus filhos para celebrar a Páscoa e por isso, instituiu a
Quaresma.
Esta prática,
de um tempo privilegiado de penitência e renovação espiritual, tem seus inícios
pelo século IV. Dentre os exercícios mais antigos da Quaresma e que remontam
esta data, estão o jejum e as abstinência de carnes.
3. Qual o espírito da Quaresma?
A Quaresma se
caracteriza por ser um grande retiro espiritual de toda Igreja; a exemplo de
Cristo que se retirou ao deserto, antes de iniciar seu ministério público e,
seguindo os passos de todos os justos do Antigo Testamento, que também tiveram
seu modo de intimidade com Deus num período de recolhimento, a Igreja toda
parte para uma jornada de penitência, meditação, purificação do coração e da
mente e para uma prática mais perfeita de uma vida cristã.
4. O que é penitência?
A palavra
“penitência” é uma tradução da palavra grega “metanóia” que, na Bíblia
significa “conversão” (literalmente: “mudança de espírito”). “Penitência” é,
então, qualquer prática que faça o pecador mudar seus atos internos e externos;
isto é, mudar de vida, mudar de mentalidade, mudar de atitude. Mas não
esqueçamos: a mudança principal deve ser interior;
mudar apenas exteriormente enche os
olhos de quem vê, mas não de quem sabe (Deus).
5. Quais são as práticas de penitência?
Segundo a
Bíblia e os mais diversos escritores cristãos, as três formas de penitência
principais são: o jejum, a oração e a esmola. Estas três penitências “mexeriam”
com três instâncias: jejum – nós; oração – Deus; esmola – próximo. Existem, no
entanto, muitas outras penitências que podem ser classificadas como espirituais e corporais.
Uma coisa
importante: se o fiel quiser fazer uma penitência corporal diferenciada, como
jejuns mais longos, uso de disciplinas ou cilício NÃO deve fazê-lo, sem pedir
autorização de seu Pároco ou confessor ou diretor espiritual.
6. Quem está obrigado a fazer penitência?
Todos os
fiéis, cada um ao seu modo, estão obrigados por lei divina a fazer penitência. A Igreja reservou dois dias por excelência para fazê-la: A Quarta-feira de Cinzas e
a Sexta-feira Santa. Nestes dois dias, de maneira particular, devemos fazer
penitência e nos abster de carne branca (exceto peixe) ou vermelha e a jejuar.
7. Quando é a Quaresma?
É chamada de
“festa móvel”, pois a cada ano sua data recebe flexão. Ela começa com a
Quarta-feira de Cinzas e termina na tarde da Quinta-feira Santa, antes da Missa
da Ceia do Senhor.
8. O que é Quarta-feira de Cinzas e quando surgiu?
A Quarta-feira
de Cinzas abre a Quaresma e o período forte de modificações e orações dos católicos.
Leva o seu nome devido às cinzas que recebemos na cabeça, sinal de humilhação,
de rebaixamento e do nosso nada (“Lembra-te que és pó e ao pó voltarás”).
Em sua origem,
os fiéis culpados de faltas graves e públicas, recebiam neste dia, as cinzas em
suas cabeças. Durante a Quaresma ficavam de “quarentena”, longe dos demais,
fazendo penitências duras e lendo assiduamente a Sagrada Escritura até se
reconciliarem com a Igreja, na Quinta-feira Santa. Felizmente, a Igreja
percebeu que todos nós precisamos de conversão e de que todos somos “filhos
adâmicos” e precisamos de penitência; foi assim que no século X, a prática das
cinzas se estendeu a toda a Igreja.
9. De onde vêm as cinzas?
As cinzas
provém dos ramos bentos do “Domingo de Ramos”. O mesmo sinal da glorificação e
da exultação, torna-se mais tarde sinal de fragilidade, da humanidade e da
caducidade (“Assim passa a glória do mundo”).
10. Por que se diz que a Quaresma é um “tempo forte de conversão”?
Converter-se é
reconciliar-se com Deus, apartar-se do mal, para estabelecer novamente a
amizade com o Criador. Supõe e inclui, por isso, o arrependimento e a confissão
dos pecados. E é exatamente na Quaresma que os textos da Liturgia, as práticas
da piedade, as pregações dos pastores e os “mutirões de confissão” nos convidam
a esta “volta” do coração a Deus.
Também é um
“tempo forte de conversão”, porque somos chamados a exercer com maior
fidelidade e assiduidade as Obras de
Misericórdia.
11. Quais são as Obras de Misericórdia?
Podemos
dividi-las em “espirituais” e “corporais”:
· Espirituais:
“Ensinar aos que não sabem”; “Dar bons conselhos”; “Corrigir os que erram”;
“Perdoar as injúrias”; “Sofrer com paciência as adversidades e fraquezas do
próximo” e “Rezar a Deus pelos vivos e mortos”.
· Corporais:
“Visitar os doentes”, “Dar de comer aos famintos”; “Dar de beber aos sedentos”;
“Ajudar os presos”; “Vestir os nus”; “Acolher os viajantes” e “enterrar os
mortos”.
12. Como fazer jejum?
O
jejum mais comum é o seguinte: fazer apenas uma refeição principal durante o dia e mais duas leves; sem comer,
no entanto, nada entre as refeições.
Por exemplo: se a sua refeição principal for o almoço, faça-o normalmente (é claro, sem exageros!), enquanto que o
seu café da manhã e o seu jantar serão frugais. A água está
liberada. Outras bebidas devem ser tomadas com moderação e consciência.
13. Quem está obrigado ao jejum?
Segundo
o CIC (Código do Direito Canônico) em seu cânon 1252, a partir dos 14 anos até
o fim da vida, o católico está obrigado à abstinência de carne e a partir dos
18 anos até os 59 anos, está obrigado ao jejum.
Vale
lembrar duas coisas: os doentes não estão obrigados ao jejum e as crianças e
adolescentes que não estão sujeitas ao jejum e nem à abstinência, devem de
alguma forma, já serem educados para algum tipo de penitência.
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