Por que este tema? Porque
vemos, gradativamente, as mudanças que Bento XVI tem feito na Liturgia, como
comunhão na boca e de joelhos e a “missa orientada” ou “versus Deum”. Tudo isso
parece um retrocesso; alguns acusam o Papa de ir contra o Concílio Vaticano II,
como se quisesse voltar às práticas do passado. Será realmente este o
pensamento do Papa? Não, este não é o querer do Papa. Em reiteradas entrevistas
ele já disse que não. Então, o que deseja o Papa Bento XVI? O Papa deseja
demonstrar à Igreja, aos bispos, padres, diáconos e leigos que não houve
ruptura com o Concílio Vaticano II, mas que há uma continuidade da única tradição da
Igreja. Para isso, o Papa está restaurando práticas e atitudes que nunca foram
abolidas da Igreja, mas que foram esquecidas e até jogadas fora, como se não
dissessem nada mais a nós.
Bento XVI participou como teólogo perito no
Concílio; ele o conhece profundamente. O Papa também é um homem da liturgia,
conhecedor ardoroso deste tesouro. Assim, o Papa deseja que as mudanças do
Vaticano II sejam aplicadas na Igreja. Infelizmente, como já falamos em alguns momentos, o
Concílio não foi implementado como querido, mas sim como foi interpretado e
isso deu margem para inúmeros equívocos e abusos.
Por exemplo, sobre o uso do latim; se
perguntarmos a alguém qual foi a maior mudança litúrgica do Concílio, vão
dizer: “a abolição do latim”. Mas isso não é verdade! Na Sacrossanto Concílio,
documento sobre a liturgia, no n° 36 se lê: “Deve-se conservar o uso do latim
nos ritos latinos, salvo o direito particular; poderá conceder o uso da língua
vulgar nas leituras, nas monições e nos cantos” e no n° 54 se diz: “Tomem-se
providência para que os fiéis possam cantar as partes do ordinário em latim”.
(A SC está à disposição de todos, de graça, no site do Vaticano).
As coisas que se fizeram em nome do Concílio,
muitas vezes foram erradas. A reforma litúrgica do Vaticano II não foi colocada
em prática como deveria. O Papa Bento XVI deseja agora fazer uma verdadeira
“reforma da reforma”; é vontade do Papa que jovens, fiéis, todo o povo busque
esta melhoria nos ritos.
Quais são as mudanças mais significativas que
o Papa tem implementado?
1°As mudanças feitas estão de
acordo com a lógica do desenvolvimento em continuidade com o passado. Logo, não
lidamos com uma ruptura com o passado, mas com uma unidade aos pontificados
anteriores.
2°As mudanças introduzidas
servem para evocar o verdadeiro espírito da liturgia, como o quis o Concílio
Vaticano II. ‘O “sujeito” da beleza intrínseca da liturgia é o próprio Cristo,
ressuscitado e glorificado no Espírito Santo, que inclui a Igreja em sua
obra'”.
3°Altar com o arranjo
querido pela IGMR (Instrução Geral ao Missal Romano), isto é, ao menos duas
velas para as Missas feriais, quatro ou seis para as missas dominicais e dias
de Guarda e a cruz no meio do altar, voltada para o celebrante. Celebrar
voltado para a cruz sublinha a correta direção da oração litúrgica, isto é,
para Deus; durante as orações, os fiéis não devem olhar uns para os outros, mas
deveriam dirigir os olhos para o Salvador.
4°A Sagrada Comunhão
recebida diretamente na boca e de joelhos. Distribuir a Hóstia aos fiéis
ajoelhados tenciona valorizar o aspecto de adoração tanto como elemento
fundamental da celebração como atitude necessária face ao mistério da presença
real de Deus na Eucaristia.
5°Momentos de silêncio e
meditação após a homilia e após a Comunhão. Durante a celebração, a oração
assume várias formas: palavras, cantos, música, gestos e silêncio. Além disso,
os momentos de silêncio nos permitem participar de fato no ato de adoração, e
mais, suscita no interior todas as outras formas de oração, dando um espaço
privilegiado para Deus falar ao coração.
6°Uso de paramentos dito
“romanos” e de outros paramentos de rara beleza. O Papa dá importância às
vestes litúrgicas. "Não é mero esteticismo, mas via concreta em que o amor de
Deus, em Cristo, nos encontra, nos atrai e nos enche de delícias; A beleza mais
verdadeira é o amor de Deus, que se revelou definitivamente para nós no
mistério pascal. […] A beleza da liturgia é parte deste mistério; é uma sublime
expressão da glória de Deus e, de certa forma, um vislumbrar o céu sobre a
terra. A beleza, então, não é mera decoração, e sim um elemento essencial da
ação litúrgica, por ser um atributo do próprio Deus e de sua revelação".
7°Uso do latim nas
cerimônias, tanto nos cantos como nas orações. Embora o Concílio Vaticano II
tenha introduzido as línguas nacionais, ele recomendou o latim na liturgia. Duas
razões para que não deixemos o latim: Acima de tudo, temos um grande legado
litúrgico em latim: do Canto Gregoriano à Polifonia, bem como textos veneráveis
e sagrados que os Cristãos têm usado por séculos. Junto disso, o latim nos
permite mostrar a catolicidade e a universalidade da Igreja. Numa Missa em que se comporta um número considerado de fiéis de várias línguas, o latim seria a "língua de todos".
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