O título
"Theotokos" (Mãe de Deus) foi dado à Maria durante o Concílio de
Éfeso (431), na Ásia Menor. A heresia de negar a maternidade divina de Nossa
Senhora é muito anterior aos protestantes. Ela nasceu com Nestório, então Bispo
de Constantinopla. Os protestantes retomaram esta heresia já sepultada pela
Igreja de Cristo. Este é um problema de Cristologia e não de Mariologia. Vamos
demonstrar através dos exemplos abaixo a autenticidade da doutrina católica.
Se perguntarmos a
alguém se ele e filho de sua mãe, se esta verdadeiramente for a mãe dele, de
certo nos lançará um olhar de espanto. E teria razão. O homem como sabemos é
composto de corpo, alma e espírito. A minha mãe me deu meu corpo, a parte
material deste conjunto trinitário que eu sou; sendo minha alma e espírito
dados por Deus. E minha mãe que me deu a luz não é verdadeiramente minha mãe?
Apliquemos, agora,
estas noções de bom senso ao caso da Maternidade divina de Nossa Senhora. Há em
Nosso Senhor Jesus Cristo duas naturezas: a humana e a divina, constituindo uma
só pessoa, a pessoa de Jesus. Nossa Santa Mãe é mãe desta pessoa, dando a ela
somente a parte material, como nossa mãe também o faz. O Espírito e Alma de
Cristo também vieram de Deus. Nossa mãe não é mãe do nosso corpo, mas mãe de
nossa pessoa. Assim também Maria é Mãe de Cristo. Ela não é a Mãe da Divindade
ou da Trindade, mas é mãe de Cristo a segunda pessoa da Santíssima Trindade, que
também é Deus. Sendo Jesus Deus, Maria é Mãe de Deus.
Basta um pequeno
raciocínio para reconhecer como necessária a maternidade Divina da Santíssima
Virgem. Nosso Senhor morreu como homem na Cruz (pois Deus não morre), mas nos
redimiu como Deus, pelos seus méritos infinitos. Ora, a natureza humana de
Nosso Senhor e a natureza divina não podem ser separadas, pois a Redenção não
existiria se Nosso Senhor tivesse morrido apenas como homem. Logo, Nossa Santa
Mãe, Mãe de Nosso Senhor, mesmo não sendo mãe da divindade é Mãe de Deus, pois
Nosso Senhor é Deus. Se negarmos a maternidade de Nossa Senhora, negaremos a
redenção do gênero humano. A negação da Maternidade divina de Nossa Senhora é
uma negação à Verdade, uma negação ao ensino dos Apóstolos de Cristo.
Provas da Sagrada Escritura
A Igreja Católica
sendo a única Igreja Fundada por Cristo, confirmada pelos Apóstolos e seus
legítimos sucessores; sendo Ela a escritora, legitimadora e guardiã da Bíblia,
jamais poderia ensinar algo que estivesse contra o Ensino da Bíblia. Vejamos o
que a Sagrada Escritura ensina sobre a Maternidade Divina de Nossa Senhora: O
profeta Isaías escreveu: "Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis
que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel [Deus
conosco]." (Is 7,14). Claramente o profeta declara que o filho da virgem
será divino, portanto a maternidade da virgem também é divina, o que a faz ser
Mãe de Deus.
O Arcanjo Gabriel
disse: "O Santo que há de nascer de ti será chamado Filho de
Deus" (Lc 1,35). Se ele é filho de Deus, ele tb é Deus e Maria é sua Mãe,
portanto Mãe de Deus. Isaías também escreveu o mesmo em Is 7,14. Cheia do
Espírito Santo, Santa Izabel saudou Maria dizendo: "Donde a mim esta dita
de que a mãe do meu Senhor venha ter comigo"? (Lc 1,43) E Mãe de
meu Senhor quer dizer Mãe do meu Deus, portanto Mãe de Deus.
São Paulo ainda
escreveu: "Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho,
nascido de mulher, nascido sob a lei." (Gl 4,4). São Paulo claramente
afirma que uma mulher foi a Mãe do filho de Deus, portanto Mãe de Deus.
A Doutrina dos Santos Padres
Será que os Apóstolos
de Cristo concordavam com a Maternidade Divina de Nossa Senhora? Pois segundo
os protestantes, a Igreja Católica inventou a maternidade divina de Maria no
séc V durante o Concílio de Éfeso. Vejamos o que diz o Apóstolo Santo André:
"Maria é Mãe de Deus, resplandecente de tanta pureza, e radiante de
tanta beleza, que, abaixo de Deus, é impossível imaginar maior, na terra ou no
céu". (Sto Andreas Apost. in trasitu B. V., apud Amad.)
Veja agora o
testemunho de São João Apóstolo: "Maria, é verdadeiramente Mãe de
Deus, pois concebeu e gerou um verdadeiro Deus, deu a luz, não um simples homem
como as outras mães, mas Deus unido a carne humana." (S. João Apost. Ibid)
São Tiago:
"Maria é Santíssima, a Imaculada, a gloriosíssima Mãe de Deus"
(S. Jac. in Liturgia)
São Dionísio
Areopagita: "Maria é feita Mãe de Deus, para a salvação dos
infelizes." (S. Dion. in revel. S. Brigit.)
Orígenes escreveu:
"Maria é Mãe de Deus, unigênito do Rei e criador de tudo o que
existe" (Orig. Hom I, in divers. - Sec. II )
Santo Atanásio diz:
"Maria é Mãe de Deus, completamente intacta e impoluta." (Sto. Ath.
Or. in pur. B.V.)
Santo Efrém:
"Maria é Mãe de Deus sem culpa" (S. Ephre. in Thren. B.V.).
São Jerônimo:
"Maria é verdadeiramente Mãe de Deus". (S. Jerôn. in Serm. Ass.
B.V.).
Santo Agostinho:
"Maria é Mãe de Deus, feita pela mão de Deus". (S. Agost. in orat. ad
heres.).
Todos os Santos
Padres afirmaram em amor e veneração a maternidade divina por Nossa Senhora. Me
cansaria em citar todos os testemunhos primitivos.
Agora uma surpresa
para os protestantes. Lutero e Calvino sempre veneraram a Santíssima Virgem.
Veja abaixo a testemunho dos pais da Reforma: "Quem são todas as mulheres,
servos, senhores, príncipes, reis monarcas da Terra, comparados com a Virgem
Maria que, nascida de descendência real (descendente do rei Davi) é, além
disso, Mãe de Deus, a mulher mais sublime da Terra? Ela é, na cristandade
inteira, o mais nobre tesouro depois de Cristo, a quem nunca poderemos exaltar
o suficiente, a mais nobre imperatriz e rainha, exaltada e bendita acima de
toda a nobreza, com sabedoria e santidade." (Martinho Lutero no comentário
do Magnificat - cf. escritora evangélica M. Basilea Schlink, revista Jesus vive
e é o Senhor).
"Não há honra,
nem beatitude, que se aproxime sequer, por sua elevação, da incomparável
prerrogativa, superior a todas as outras, de ser a única pessoa humana que
teve um Filho em comum com o Pai Celeste" (Martinho Lutero - Deutsche
Schriften, 14,250).
"Não podemos
reconhecer as bênçãos que nos trouxe Jesus, sem reconhecer ao mesmo tempo quão
imensamente Deus honrou e enriqueceu Maria, ao escolhê-la para Mãe de
Deus." (Calvino - Comm. Sur I'Harm. Evang., 20)
O Concílio Ecumênico de
Éfeso
Quando o heresiarca
Ario divulgou o seu erro, negando a divindade da pessoa de Jesus Cristo, a
Providência Divina fez aparecer o intrépido Santo Atanásio para confundi-lo,
assim como fez surgir Santo Agostinho para suplantar o herege Pelágio, e São
Cirilo de Alexandria para refutar os erros de Nestório, que haviam semeado a
perturbação e a indignação no Oriente.
Em 430, o Papa São
Celestino I, num concílio de Roma, examinou a doutrina de Nestório que lhe fora
apresentada por São Cirilo e condenou-a anti-católica, herética. São Cirilo
formulou a condenação em doze proposições, chamadas os doze anátemas, em que
resumia toda a doutrina católica a este respeito. Pode-se resumi-la em três
pontos:
Em Jesus Cristo, o Filho do
homem não é pessoalmente distinto do Filho de Deus;
A Virgem Santíssima é
verdadeiramente a Mãe de Deus, por ser a Mãe de Jesus Cristo, que é Deus;
Em virtude da união
hipostática, há comunicações de idiomas, isto é; denominações, propriedades e
ações das duas naturezas em Jesus Cristo, que podem ser atribuídas à sua
pessoa, de modo que se pode dizer: Deus morreu por nós, Deus salvou o mundo,
Deus ressuscitou.
Para exterminar
completamente o erro, e restringir a unidade de doutrina ao mundo, o Papa
resolveu reunir o Concílio de Éfeso (na Ásia Menor), em 431, convidando todos
os bispos do mundo. Perto de 200 bispos, vindos de todas as partes do orbe, reuniram-se
em Éfeso. São Cirilo presidiu a assembléia em nome do Papa. Nestório recusou
comparecer perante aos bispos unidos.
Desde a primeira
sessão a heresia foi condenada. Sobre um trono, no centro da assembléia, os
bispos colocaram o Santo Evangelho, para representar a assistência de Jesus
Cristo, que prometera estar com a sua Igreja até a consumação dos séculos,
espetáculo santo e imponente que desde então foi adotado em todos os concílios.
Os bispos cercando o
Evangelho e o representante do Papa, pronunciaram unânimes e simultaneamente a
definição, proclamando que Maria era verdadeiramente Mãe de Deus. Nestório
deixou de ser, desde então, bispo de Constantinopla.
Quando a multidão
ansiosa que rodeava a Igreja de Santa Maria Maior, onde se reunia o concílio,
soube da definição que proclamava Maria Mãe de Deus, num imenso brado ecoou a
exclamação: "Viva Maria, Mãe de Deus! Foi vencido o inimigo da Virgem!
Viva a grande, a augusta, a gloriosa Mãe de Deus!"
Em memória desta
solene definição, o concílio juntou à saudação angélica estas palavras simples
e expressivas: "Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores,
agora e na hora de nossa morte".
Fonte: Veritatis Splendor
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