O abade Antão, quando
residia no deserto, caiu em acédia e em grande obscuridade de pensamentos;
disse ele a Deus: “Senhor, quero ser salvo, mas meus pensamentos não me
permitem; que farei nesta minha aflição? Como serei salvo?”
Um pouco mais tarde levantou-se e saiu da
cela. Percebeu então que alguém parecido consigo estava sentado e trabalhava,
depois afastava-se da obra e rezava; sentando-se novamente trançava uma corda e
se erguia ainda para rezar. Era um anjo do Senhor que se enviara a Antão para sua
correção e salvaguarda. Escutou o anjo lhe dizer: “Faze o mesmo e serás salvo!”
A tais palavras foi tomado de grande gozo e confiança. Agindo deste modo
operava sua salvação. (Antão, 1).
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Um irmão interrogou o abade Agatão: “Tenho uma ordem a executar, mas num sítio onde terei de pelejar bastante. Quero ir para obedecer, mas temo a guerra”. Respondeu-lhe o ancião: “Em teu lugar Agatão cumpriria a ordem e ganharia a guerra”. (Agatão, 13)
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Um irmão, que vivia como anacoreta,
estava turbado. Ele foi até a morada do abade Teodoro de Farméia e lhe declarou
sua inquietação. Disse-lhe o ancião: “Vai, conserva a alma na humildade, sê
submisso aos outros e vive com eles”. Ele partiu para a montanha e foi viver
com outros.
Depois
retornou ao ancião e lhe disse: “Não encontrei o repouso vivendo entre os
homens”. Disse-lhe o ancião: “Se não encontras repouso nem na solidão, nem na
companhia dos irmãos, por que vieste a ser monge? Não fora para suportar penas?
Mas dize-me: há quanto tempo vestes o hábito?” – “Oito anos”, respondeu ele.
Replicou o ancião: “Crê em mim, eis que o visto há sessenta anos e não houve um
dia de repouso para mim, enquanto que tu o queres após oito anos?” Ao escutar
isso partiu reconfortado. (Teodoro de Farméia, 2)
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