Hoje celebramos a Solenidade
da Epifania do Senhor. Esta Liturgia é uma liturgia de luz, de alegria. A
procura de sonho, a busca de algo maior tocou tão profundamente os corações dos
reis magos, que estes se colocaram prontamente para alcançarem o Senhor. A luz da
estrela de Belém brilhava sobre eles e bastava isso para manterem a esperança
de encontrarem o Senhor. Para nós esta “luz” é a fé, que nos faz ir adiante,
mesmo quando tudo parecer escuro e sem sentido.
A palavra "epifania" significa “apresentação”,
“fenômeno”, "manifestação". Manifestação de quem? De quê?
Manifestação do Senhor, Verbo Encarnado do Pai e manifestação de sua luz! O
Cristo, ainda pequenino em Belém, já é "luz para as nações". Luz que
dissipa as trevas, luz que nos leva à verdade, luz que resplandece sobre nós.
Luz que ilumina todas as pessoas, até mesmos os maus. “Deus faz brilhar o sol
sobre bons e maus”, diz a Escritura. O resultado, porém, é diverso num e
noutro; quanto mais nos aproximamos da luz, mais banimos as trevas de nós.
Quanto mais abraçamos a virtude, mais deixamos os vícios e os pecados.
Nesta Solenidade, três figuras se destacam:
os Santos Reis. Eles são, tradicionalmente, figura de todos os povos, de todas
as nações, de todas as línguas que encontram, no Menino Deus, a resposta aos
seus porquês. Os Magos, astrônomos e estudiosos, percebem que a verdade humana
só tem sua raiz e cume em Deus. Eles não se deixam levar pela arrogância de uma
ciência materialista, do orgulho e da vaidade humana que tantas vezes faz o
homem se esquecer de quem é, mas a partir de seus estudos, de seu esforço,
chegam ao seu Senhor e Rei. Interessante a linguagem do Evangelho: eles estavam
na escuridão, mas guiados por uma estrela cintilante, chegam ao que procuram.
Também nós, poderemos estar imersos a grandes ou pequenas escuridões da alma e
do ser, mas se seguimos o brilho de uma estrela, que pode ser um ideal, um
sonho, um propósito, poderemos encontrar aquilo que parecia escondido e
distante, longe e inacessível. Assim, no fundo, a estrela que tem uma missão de
conduzir, é o próprio Senhor, que nos leva até Ele e a nossa fé, que nos faz
querer encontrá-Lo.
Os Magos fizeram sua
primeira parada na grande Jerusalém. Lugar do rei, da suntuosidade, dos
palácios, do poderio humano. O Rei autêntico, porém, não estava lá. Em
Jerusalém encontrava-se uma caricatura de rei, um homem sem escrúpulos,
mentiroso e cheio de medo de perder seu poder e sua majestade. Infelizmente,
muitos se assemelham a Herodes: para manter seu "status quo", sua
vida de “fachada” e de vaidade fazem de tudo, até mesmo sufocar Deus em sua
vida. Os Magos entenderam logo que o Rei anunciado por uma brilhante estrela,
não poderia ser aquele homem envolto em trevas. A luz traz a luz, as trevas
arrastam para as trevas!
A humildade dos Magos
é grande. Seus primeiros cálculos deram errado e os conduziram a um lugar
errado, mas prontamente se levantaram e novamente tomaram o caminho. Ao verem a
estrela, sentiram uma grande alegria. E é essa a alegria dos santos: se os
cálculos deram errado, se os esforços não foram capazes, se os planos não se
concretizaram, se o pecado aconteceu, isto não deve ser motivo para desistir,
para desanimar, para se entristecer. Depois do que não deu certo, restam duas
soluções: ou lamentar-se e ficar imerso na tristeza, na dor e na decepção ou
levanta-se e continuar o caminho com fé, perseverança e, sobretudo, esperança
de que nosso Deus ilumina nosso caminho e nos acompanha por qualquer estrada.
Ao sacar seus
presentes frente ao Menino e sua Mãe, os Santos Reis nos apresentam quem é o
Senhor: ouro, para Aquele que é Rei; incenso, para Aquele que é Deus; mirra,
para Aquele que é Homem. Naquele Menino pobre de Belém, que não morava em
palácio nem numa cidade grande, os olhos daqueles homens puderam se fixar na
beleza mais triunfal do que a de qualquer rei desta Terra. Reconhecer a Deus na
simplicidade, na pobreza e no Amor, eis o que os Magos nos ensinam! E ensinam,
também, a abrir nossos cofres para o Senhor, isto é, dar tudo aquilo que é
precioso na nossa vida a Deus, nada guardar, nada ficar sem ser apresentado ao
Senhor.
Ao terminar o
Evangelho, Mateus nos diz que os Magos voltaram por outro caminho. Este é um
ensinamento fabuloso: quem encontrou a Cristo não pode mais viver da mesma
forma, não pode continuar pelo mesmo caminho, mas deve trilhar outro! Não basta
apenas encontrar o Senhor, mas devemos viver de acordo com o Senhor. É
necessário dar a volta, tomar outro rumo, viver diferente, isto é, converter-se;
se encontramos a Cristo, somos iluminados e não podemos mais nos dispersar nas
trevas do erro, da mentira, do pecado. Quantos são aqueles que, ainda enganados
pelo brilho falso e fácil do mundo, ainda voltam para o caminho de antes e não
trilham novos caminhos em Deus!
Neste “Ano da Fé”, em que somos convidados a
reanimar a chama de nosso seguimento a Deus, através do estudo do catecismo, da
prática sacramental e da disponibilidade na Igreja, possamos ver nesta celebração
o motivo de nossa alegria em sermos católicos: Deus se deixa encontrar!
Manifesta-se a nós nos sinais, mas sobretudo, na Eucaristia.
Que a celebração da Epifania do Senhor nos
mova para a luz, nos leve para junto do Cristo e nos dê a coragem e a audácia
para viver de modo novo o encontro que temos com Ele em cada Eucaristia. Que a
Virgem Santíssima e São José, os primeiros a receberem a visita do Senhor
venham em nosso auxílio e que os Santos Reis, que buscaram e encontraram o
Senhor, intercedam por nós de maneira particular hoje, neste dia a eles
dedicado. Amém.
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