Com o advento dos meios de
comunicação em massa, a verdade e a mentira tomaram uma proporção avassaladora.
Bom para a verdade, mas péssimo para as vítimas da mentira. Há um dizer que
ouvi um dia: “uma mentira dita repetidas vezes, tomará em algum tempo, status
de ‘verdade’”. Infelizmente, muitos não conseguem filtrar a notícia, a
história, a palavra que recebem e passam à frente, com ou sem maldade, o que
acharam ser a verdade. Numa palavra: perigoso! Este texto é para todos nós, mas
principalmente para os que julgam primeiro e averiguam depois...
O Catecismo da Igreja Católica em seu número
2464 diz assim: “O oitavo mandamento proíbe falsear a verdade nas relações com
os outros. Essa prescrição moral decorre da vocação do povo santo a ser testemunha
de seu Deus, que é a Verdade. As ofensas à verdade exprimem, por palavras ou
atos, uma recusa de abraçar a retidão moral. São infidelidades fundamentais a
Deus e, neste sentido, minam as bases da Aliança”. Comentemos:
·
O homem, se quer ser imagem de Deus, deve
amar a verdade e usá-la em suas relações. Mais: humanamente, se uns não
confiassem nos outros, seria o caos total, tanto na sociedade quanto na
religião. A verdade nas relações não é optativa; o homem não pode decidir por
si mesmo se fala ou não a verdade, mas está obrigado a dizê-la;
·
A prescrição de dizer a verdade não é apenas
da dignidade do homem ou da necessidade para o bem das relações humanas, mas
advém, sobretudo, de sua vocação batismal de “viver como o Cristo”. Porque
somos filhos de Deus, porque somos “outros cristos”, proferimos a verdade: “Se
dissermos que estamos em comunhão com Ele e andamos nas trevas, mentimos e não
praticamos a verdade”;
·
Recusar a verdade, a veracidade,
a sinceridade,
a franqueza
e se entregar à mentira, à duplicidade, à simulação, à hipocrisia
e à má
fé é um pecado que deveria ser tomado por grave, ainda que em muitos
ambientes e até eclesiais, seja interpretado como leve e às vezes nem como
pecado, mas como “pecadinho”, aquele de quem nem se fala na confissão;
·
O Catecismo é claro: “São infidelidades
fundamentais a Deus e, neste sentido, minam as bases da Aliança”. Será que os
mentirosos não pensam nisso? Será que os caluniosos não veem o mal que fazem?
Será que os que levantam falsos testemunhos não percebem que estão minando sua
espiritualidade e a unidade da Igreja? Bem, se sabem, são maldosos e servem à
Satanás; se não sabem, devem meditar sobre o Evangelho e se emendarem de suas
palavras soltas, atiradas ao vento ou direcionadas a pessoas e circunstâncias,
como dardos de veneno.
O Catecismo em seu número 2475 nos ensina, de
modo direto e prático, sobre algumas ofensas, alguns pecados decorrentes deste
Oitavo Mandamento, a saber: falso testemunho e perjúrio,
juízo
temerário, maledicência, calúnia, bajulação, jactância,
ironia
malévola e a mentira. Comentemos:
· Falso testemunho e perjúrio: quando se fala
algo contrário à verdade (sabendo que não é), de modo público, diante de um
grupo ou tribunal. Quando se está sob juramento, esse falso testemunho chama-se perjúrio;
· Juízo temerário: quando se admite, de maneira
contundente e sem fundamento, como verdadeiro, um defeito que achamos que o
próximo tem. O juízo temerário pode ser pó palavras ou por pensamentos;
· Maledicência: revelar, sem razão, os defeitos
do próximo a alguém que não sabia deles; quando não apenas se revelam os erros
de alguém, mas também se comenta e se critica essa pessoa, a maledicência vira “murmuração”;
· Calúnia: também chamada de “detração”. É prejudicar
a boa fama do próximo e sua honra com suposições, imputando-lhe defeitos que
não tem;
· Bajulação: adular alguém por um benefício
próprio e não lhe dizer seus erros, afim de não perder benefícios alcançados “por
amizade”;
· Jactância: também chamado de “zombaria”. É
quando alguém lança na cara de alguém os seus defeitos, para o envergonhar
diante dos outros. O zombeteiro quer a humilhação, quer o ridículo. Quanta
zombaria contra a Igreja e seus membros...;
· Ironia malévola: depreciar alguém,
caricaturando, de modo malévolo, um ou outro aspecto de seu comportamento. Essa
ironia distingue-se, claramente, daquela usada por alguns santos, quando
depreciavam a si mesmos, aos inimigos de Cristo e às próprias forças maléficas;
· Mentira: dizer o falso com o intuito de
enganar, burlar a verdade, fugir dela ou das consequências dessa verdade.
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