No início de
mais um ano todos nos cercamos de calendários, agendas, planejamentos,
cronogramas e tudo mais que for útil para organizar o tempo. Tudo isso é importante e necessário. Há, no entanto, um momento em que nenhum
desses instrumentos tem eficácia, aquele tempo não dos homens, mas de Deus...
Acontece na vida de todos nós um misto da ação de Deus e da nossa
liberdade. Como Deus age em nós? Como se
apresenta a nossa liberdade? Como ambas as coisas se interagem? É o que vamos
dissertar.
O tema da ação de Deus e da liberdade do homem marcou muito a história da teologia ocidental;
de um lado se afirma que o ser humano é livre para acolher ou rejeitar a oferta
salvífica de Deus, de outro que a
aceitação dessa oferta não depende só do homem, mas lhe deve ser livremente
concedida por Deus. Noutras palavras: todo homem é responsável por sua
salvação, mas deve saber que o próprio Deus lhe possibilitou chegar a ela.
A ação de Deus
se dá, basicamente, de duas formas: uma “antecedente” e outra,
“atual-futúrica”. Antecedente quando
da nossa criação, pois o Senhor nos capacitou à liberdade, nos fez livres e
para a liberdade; antes de tomarmos conhecimento de nós como pessoas, fomos
criados livres. Já a forma atual-futúrica é o modo de agir de Deus
atualmente e futuramente através de sua providência,
isto é, seu auxílio para a caminhada.
A liberdade do
homem está fundamentalmente na sua capacidade de fazer escolhas. Esse fato impregna toda a vida moral da
pessoa, fazendo-a experimentar o bem e o mal.
A Sagrada Escritura reconhece, no entanto, a incapacidade do ser humano
(falível) para dar seus primeiros passos para a conversão... Daí a necessidade
da graça, ou seja, da ação de Deus.
“O pecador que
se encontra num processo de conversão apresenta uma situação específica e
curiosa. Pois, de um lado, tem uma vida voltada para si mesmo, uma orientação
profundamente egoísta, uma decisão própria contra Deus (próximo). Mas, de
outro, estimulado e capacitado pela ação salvífica de Deus, realiza opções
boas. No fundo, temos aqui uma incoerência
moral, que acontece também no caso do justo que comete opções egoístas”.
Há, então, sempre por detrás do pecador, a mão do Senhor a guiar ou a tocar.
Que neste Ano Novo
possamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance, mas não nos esquecer de
também tudo entregar ao Senhor. Abramos nossa vida a Ele e, com Ele, vivamos
intensamente.
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