Completamos hoje, com a
Festa do Batismo do Senhor, o ciclo litúrgico da Encarnação ou do Natal. Não
apenas nos alegramos com a vinda de Cristo, em Belém, mas também recebemos do
Senhor a mensagem de vida nova que devemos ter, como batizados. Deus se fez luz
e nos iluminou. Agora também nós devemos iluminar o mundo, sendo um reflexo do
amor de Deus.
Nesta Festa do Batismo do Senhor, também tive
a alegria de administrar o Sacramento do Batismo a alguns recém nascidos, que os
pais apresentaram à Igreja. Sejam bem-vindos, queridos pais e mães destes
pequeninos, e vocês padrinhos e madrinhas, amigos e parentes, que também estão
aqui conosco. Demos graças a Deus, que hoje chamou estas crianças a tornarem-se
seus filhos e participarem da Comunidade cristã, a Igreja que, a partir de hoje, se torna
também a família deles.
Hoje Jesus inicia seu ministério público e o
faz precisamente, revelando-se nas margens do Jordão, ao povo de Israel. Na
passagem que lemos há pouco, São Lucas nos diz que o povo “esperava”. Assim, o
evangelista nos mostra a expectativa de Israel, o desejo de ver o Messias, a
vontade de acolher o Filho de Deus. Hoje, não vivemos mais esta expectativa. O
Messias já chegou, o Filho de Deus já veio à Terra. No entanto, como ainda
vivemos como se Deus não tivesse nos redimido... ainda se vive como se Deus não
estivesse por perto... ainda vivemos como se Deus não existisse. Muitos homens
e mulheres de hoje ainda vivem falsas expectativas: esperam milagres, quando
não creem neles; esperam mudanças em suas vidas, mas não dão início a elas;
esperam que Deus lhes fale, mas eles não iniciam o diálogo na oração. Há homens
e mulheres que buscam a felicidade plena, mas Deus fica fora deste projeto;
buscam a paz, mas não se reconciliam com o Criador; querem a bênção, mas não se
fazem bênção para os outros; querem a beleza e a saúde, mas não progridem nas
virtudes, nem restauram a imagem de Deus neles...
A teologia batismal nos diz que esse sacramento existe
para nos tornar filhos de Deus, apagar o pecado original e nos incorporar à
Igreja de Jesus. Ora, Cristo já era Filho de Deus, não possuía pecado algum e
foi o Fundador da Igreja, então por que quis se batizar? Jesus, como vai
explicar, “quer cumprir toda a justiça, toda a lei”; com uma profunda
humildade, que lembra a pobreza e a simplicidade de Belém, pede e aceita o
batismo dado por São João. O Filho de Deus, Aquele que é sem pecado, coloca-se
entre os pecadores; o Filho de Deus, Aquele que é o Senhor, coloca-se entre os
servos; o Filho de Deus, Aquele que não tem necessidade, coloca-se entre os
necessitados. Jesus, saindo das águas vê, com a multidão e
o Batista, o céu se abrir. Aquele céu fechado por Adão e Eva, agora é reaberto
por Jesus e Maria! A Voz do Pai, a presença do Filho e o sobrevoo do Espírito,
em forma de pomba, é a manifestação da Trindade entre os homens.
Hoje foram batizadas algumas crianças na fé da Igreja, fé esta professada pelos pais e padrinhos e proclamada por todos nós. O rito do Batismo trouxe à memória com insistência o tema da fé já no início, quando o padre recordou aos pais que pedindo o batismo para os próprios filhos, assumiriam o compromisso de os “educar na fé”. Esta tarefa foi recordada, a todo momento, aos pais e padrinhos. Depois dos diversos exorcismos, orações de libertação do mal, as crianças receberam o sopro e o sal, dois símbolos eloquentes da vocação daquele que é batizado: o sopro é o Espírito, Aquele que dá vida e o sal nos lembra a missão de atuar no mundo, não de maneira insossa, mas temperada, isto é, de forma moderada, autêntica e para o bem.
Hoje foram batizadas algumas crianças na fé da Igreja, fé esta professada pelos pais e padrinhos e proclamada por todos nós. O rito do Batismo trouxe à memória com insistência o tema da fé já no início, quando o padre recordou aos pais que pedindo o batismo para os próprios filhos, assumiriam o compromisso de os “educar na fé”. Esta tarefa foi recordada, a todo momento, aos pais e padrinhos. Depois dos diversos exorcismos, orações de libertação do mal, as crianças receberam o sopro e o sal, dois símbolos eloquentes da vocação daquele que é batizado: o sopro é o Espírito, Aquele que dá vida e o sal nos lembra a missão de atuar no mundo, não de maneira insossa, mas temperada, isto é, de forma moderada, autêntica e para o bem.
Muitos batizados na Igreja negam seu batismo;
se não por palavras, renunciando sua fé católica, o fazem por uma vida
medíocre, feia, insensata e alheia à doutrina, à moral e à espiritualidade
católica. Assim, podemos dizer que há uma verdadeira “crise de fé”. Celebra-se,
mas não se vive o que se celebra, nem se crê naquilo que é celebrado. Há uma
leva de cristãos amortecidos, ocos, esmaecidos, sem vida, que perambulam por aí
como se soubessem do caminho, mas na verdade, nem caminham, se arrastam. Há os
que se arrastam no casamento, os que se arrastam na castidade; os que se
arrastam na oração, os que se arrastam no trabalho... Enfim, apenas passam os
anos, mas não vivem os anos. Reclamam de tudo e todos e a todos culpam por sua
situação, mas não movem uma palha para mudarem suas vidas. O que aconteceu com
essa gente? O batismo que receberam não valeu? O Espírito Santo que receberam
não existiu? Não, não foi a graça de Deus que foi pouca, mas pouca a resposta à
graça. Receberam o batismo, mas os dons foram sufocados, as graças perdidas e a
fé violada.
Queridos filhos, ao meditarmos hoje sobre o
Batismo, esse sacramento extraordinário, que é “porta de todos os outros
sacramentos”, a Liturgia nos propõe o núcleo de toda a nossa vida e vocação: se
formos fiéis ao dom que recebemos no dia do nosso Batismo, seremos santos. Com
sua dinâmica de morte e vida, somos chamados a morrer para o pecado e a viver
para o Cristo e a buscar, como nos ensinou São Paulo, as coisas do alto. Você,
como batizado, tem pensado nas coisas do alto? Tem pensado nas coisas de Deus?
Tem tentado ser no mundo sal da terra e luz do mundo, mudando tudo ao seu redor
para melhor?
Batizamos essas crianças, mas caberá aos pais
e a seus padrinhos comprometerem-se a alimentar com as palavras e com o
testemunho da sua vida as chamas da fé que essas crianças receberam. Só assim,
quando forem maiores, poderão pronunciar com plena consciência a profissão de
fé. Que a Virgem Maria, a Mãe dos batizados, possa interceder por nós,
tornando-nos filhos de Deus de fato e não apenas por palavras. Possa ela nos
ajudar a trilhar o caminho de vida de seu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo.
Amém!
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