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terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Homilia da Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus



  Neste primeiro dia de 2013, nossos olhos se voltam para Maria, chamada “Mãe de Deus”, pois gerou em seu ventre o “Deus conosco Emanuel”, que celebramos no Natal. A Mãe de Deus é também “Mãe dos homens”, é nossa Mãe e deseja trazer à nossa vida, ao nosso coração um grande presente: o dom da paz. Hoje também é o Dia Mundial da Paz, dia de refletir sobre o que significa este dom e dia de rezar e implorar por esta paz. O que é a paz? Quem nos dá a paz? Como podemos adquiri-la e promovê-la?

  A Palavra de Deus nos inspirou dizendo que a paz é fruto da bênção. A chamada “bênção sacerdotal de Moisés” que ouvimos na leitura primeira nos indicou exatamente isso: Deus nos abençoa e sua bênção nos traz muitos frutos como a proteção, a compaixão, mas, sobretudo, nos traz o dom da paz. Então o que é a paz? É estar na bênção de Deus, nas mãos d’Ele, ainda que estejamos em meio a tribulações e guerras; se estamos distantes d’Ele e longe do amparo de sua mão, será difícil encontrarmos a paz. Quem aceita Deus e sua Providência, esse fica em paz; quem rejeita a Deus, esse está cheio de tempestades internas e externas.
  A paz não vem de contratos humanos, de fugas da realidade, de uma vida estável economicamente, como muitos pensam. A paz vem de Deus! Só Deus pode nos dar! Na Carta aos Gálatas, São Paulo nos disse que Deus nos enviou seu Filho, nascido de uma Mulher, para ser nossa ponte entre a Terra e o Céu. Esta Mulher é Maria e ela se torna instrumento da paz, instrumento pelo qual o Pai nos visitou em seu Filho. Maria não levanta barreiras diante de Deus, diante de seus projetos, mas abre caminho para Deus agir.
  Se queremos adquirir a paz, devemos seguir este modelo mariano: deixar Deus agir, deixar Ele falar, aproximar-se do Senhor, receber sua bênção, deixar-se tocar por suas mãos poderosas. A mão do Senhor tocou Maria e ela foi engrandecida; a mão do Senhor abençoou a Maria e ela se encheu do Espírito Santo; a mão do Senhor conduziu a Maria e ela foi levada à alegria eterna do Céu; a mão do Senhor sustentou a Maria e ela foi protegida de todo o mal e de todo pecado. Tudo isso pode acontecer conosco, se nos deixarmos tocar pelas mãos de Deus. E como? Sendo filhos de Deus, não escravos – como nos lembrou São Paulo. Ser filho é ser herdeiro das bênçãos de Deus; ser escravo é não só não ter a bênção do Senhor, mas também viver sob as amarras do mal.
  No Evangelho de Lucas, vimos o segredo de Maria para se conseguir a paz de Deus: guardar todos os fatos da vida e meditá-los no coração. Vivemos num mundo barulhento e cheio de correrias. Não se dá tempo à oração nem à meditação. Quantos católicos dedicam um tempo específico de oração todos os dias? Quantos fazem meditação sobre as coisas da vida? A tentação do homem moderno é não pensar nas coisas, não parar para meditar e rezar. A tentação é falar, responder, agir, reclamar, esbravejar, chorar, gritar, perder a paciência e correr para o mais fácil e o mais cômodo. O exemplo da Mãe de Deus é outro: guardar e meditar; não guardar e se magoar, mas guardar e iluminar pela oração em Deus. Quantos problemas resolveríamos, quantas angústias seriam dissipadas se antes de nos desesperar, fôssemos diante do sacrário, corrêssemos para Deus, nos dedicássemos a conversar com o Senhor e a escutá-Lo na oração?
  Nesta Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus e Dia Mundial da Paz - como é costume - o Papa dedica a todo o mundo uma mensagem especial. Neste ano, o tema de sua Mensagem é “Bem aventurados os obreiros da Paz”. Nela, o Papa Bento XVI nos diz que as bem aventuranças são promessas de Deus, não são meras recomendações morais, mas o cumprimento dessas promessas do Senhor a todos os que se deixam levar pelas exigências da verdade, da justiça e do amor. Segundo o Papa, para nos tornarmos autênticos obreiros da paz, são fundamentais a atenção à dimensão transcendente e o diálogo constante com Deus. A realização da paz, diz o Papa, depende sobretudo do reconhecimento de que somos, em Deus, uma úni­ca família humana.
  O Papa Bento alerta-nos: “Aqueles que não apreciam suficientemente o valor da vida humana, chegando a defender, por exemplo, a liberalização do aborto, talvez não se deem conta de que assim estão a propor a prossecução de uma paz ilusória. A fuga das responsabilidades, que deprecia a pessoa humana, e mais ainda o assassinato de um ser humano indefeso e inocente nunca poderão gerar felicidade nem a paz. Na verdade, como se pode pensar em realizar a paz, o desenvolvimento integral dos povos ou a própria salvaguarda do ambiente, sem estar tutelado o direito à vida dos mais frágeis, a começar pelos nascituros? Qualquer lesão à vida, de modo especial na sua origem, provoca inevitavelmente danos irreparáveis ao desenvolvimento, à paz, ao ambiente”.
  Falando às famílias de maneira particular, o Papa disse: “Ninguém pode ignorar ou subestimar o papel decisivo da família, célula básica da sociedade, dos pontos de vista demográfico, ético, pedagógico, econômico e político. Ela possui uma vocação natural para promover a vida: acompanha as pessoas no seu crescimento e estimula-as a enriquecerem-se entre si através do cuidado recíproco. De modo especial, a família cristã guarda em si o primordial projeto da educação das pessoas segundo a medida do amor divino. A família é um dos sujeitos sociais indispensáveis para a realização duma cultura da paz. É preciso tutelar o direito dos pais e o seu papel primário na educação dos filhos, nomeadamente nos âmbitos moral e religioso. Na família, nascem e crescem os obreiros da paz, os futuros promotores duma cultura da vida e do amor”.
  Peçamos a Maria Santíssima, Mãe de Deus e nossa, que nos abençoe no começo deste ano e nos dê muitas graças para o decorrer destes dias. Que ela, como Mãe e esposa, abençoe todas as famílias e ajude, com sua preciosa sabedoria, na obra de educação dos filhos para que sejam, no presente e no futuro, obreiros da paz. Amém.

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